sexta-feira , 19 abril 2024
Goiás

Moralismo de d. Iris é de mentirinha. Ela recebe um dos mais altos salários, como deputada, e tem um monte de mordomias

Ela se auto nomeou “paladina da moralidade” e vive apontando o dedo para adversários, cobrando ética e respeito ao dinheiro público.

Mas, esse”moralismo” da deputada Iris Araújo é de mentirinha.

Ela recebe um dos mais altos salários do mundo como parlamentar, de acordo com reportagem publicada na edição desta terça-feira, do Diário da Manhã.

E mais: tem direito a seguro saúde, apoio financeiro para habitação, passagens aéreas, carro oficial, entre outras regalias.

Ao mês, ela embolsa 9,1 mil euros, sem contar a mordomia.

Sobre todos esses abusos, ela, claro, fica caladinha.

Veja a matéria do DM:

Um dos mais altos salários do mundo

Um deputado federal do Brasil (são 513 no total, que ganham 26,7 mil reais por mês (9,1 mil euros) ainda tem direito a seguro de saúde, apoio financeiro para habitação, passagens aéreas, carro oficial, entre outras regalias: um senador (são 81 no total)

Diário da Manhã

Helton Lenine

Ranking divulgado pela revista britânica The Economist revela que o salário dos parlamentares brasileiros aparece como um dos mais altos do mundo. Dos 29 países citados, o Brasil aparece na 5ª posição com uma remuneração anual de 120,1 mil euros.

O Brasil ultrapassa países como o Canadá (117,3 mil euros anuais), Japão (114 mil euros), Noruega (105,1 mil euros), Alemanha (91 mil euros), Israel (87,4 mil euros), Reino Unido (80,3 mil euros), Suécia (75,6 mil euros), França (65,4 mil euros) e Espanha (33,4 mil euros). A revista não inclui dados para Portugal.

Os únicos países selecionados com parlamentares que ganham mais do que os brasileiros são Austrália (153,2 mil euros), Nigéria (144,3 mil euros), Itália (138,6 mil euros) e Estados Unidos (132,5 mil euros). A lista, entretanto, não considera outros tipos de remuneração.

Hoje, um deputado federal do Brasil, que ganha 26,7 mil reais por mês (9,1 mil euros), ainda tem direito a seguro de saúde, a apoio financeiro para habitação, a passagens aéreas, a carro oficial, entre outras regalias.

A lista mostra ainda o salário dos parlamentares em relação ao rendimento “per capita” dos países. Neste caso, o Brasil aparece na sexta posição, com a remuneração anual do parlamentar sendo 13 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) “per capita”.

A Nigéria lidera o ranking, com 116 vezes o valor do PIB “per capita” e a Noruega é a última colocada, com apenas duas vezes o valor do PIB “per capita”.

Os dados divulgados pela The Economist foram recolhidos por um órgão que controla os gastos do Parlamento britânico. Neste documento, há uma proposta de aumento para os parlamentares de 11,5 por cento. Se for aprovado o projeto, um parlamentar britânico passará a ganhar 89,1 mil euros (atualmente ganha 80,3 mil euros).

Os elevados salários pagos aos deputados, senadores e governadores no Brasil têm sido um dos rastilhos das recentes manifestações. Uma das polêmicas mais recentes envolve Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, que anunciou que deixará de usar o helicóptero diariamente no trajeto da sua casa para o Palácio Guanabara (sede do governo no Rio), ambos na Zona Sul do Rio, a menos de 10 quilômetros de distância.

A decisão foi tomada depois de a revista Veja ter revelado que o helicóptero do governo foi usado para transportar os filhos do governador, baby-sitters e o cão da família, Juquinha, para Mangaratiba, onde o governador costuma passar o fim de semana. O Ministério Público instaurou procedimento para apurar o suposto uso irregular do aparelho.

A cada legislatura, a mordomia se amplia

Reportagem da revista Istoé revela que, na década de 1980, um político eleito pelo voto popular recebia um salário equivalente ao de um engenheiro, dispunha de três ou quatro assessores e recebia uma pequena ajuda de custo para pagar as contas do gabinete. Pegar carona em aviões da FAB só mesmo em missões oficiais. Quem quisesse mais regalia deveria pagar do próprio bolso. Assim, um integrante do Congresso Nacional custava ao erário, incluídos aí seus vencimentos, 25 mil cruzeiros, o equivalente a 33 salários mínimos ou US$ 2 mil. Já não era pouco para a época. De lá para a cá, as mordomias só aumentaram. O resultado dessa escalada de privilégios é que hoje um parlamentar recebe, entre benefícios e salários, quase R$ 140 mil, o que corresponde a 203 salários mínimos ou US$ 62 mil.

A reportagem da Istoé adianta que as benesses desfrutadas atualmente pelos integrantes do Legislativo foram sendo ampliadas pelos próprios parlamentares a partir, principalmente, do fim da década de 1990, por meio da edição de centenas de atos das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado. Em 1997, os deputados aproveitaram a brecha na lei e oficializaram a figura do secretário parlamentar. Sem vínculo com o departamento de recursos humanos da Câmara, os deputados passaram a contratar até 25 pessoas para prestar serviços ao gabinete. Para fazer as nomeações, eles contam hoje com R$ 78 mil mensais para distribuir em salários. Em 2001, os parlamentares ganharam orçamento próprio para administrar – a chamada verba indenizatória.

A repórter Josie Jeronimo mostra que o benefício começou com uma caixinha de R$ 7 mil para pagar despesas de escritório, apesar de Câmara e Senado já fornecerem o básico de infraestrutura de trabalho. O valor foi crescendo e, quando estava em R$ 15 mil, o Congresso decidiu reunir, em 2009, todos os benefícios, no chamado “cotão”, que chega hoje a R$ 38 mil mensais. É a verdadeira Bolsa Parlamentar.

O auxílio-moradia concedido hoje aos parlamentares também foi ficando mais generoso aos poucos. O ato de número 15 de abril de 1979, editado pela Mesa da Câmara, era taxativo: “O auxílio-moradia constitui complementação equivalente a diárias simples em hotéis classificados três estrelas.” Considerando esse padrão, um contrato mensal num hotel três estrelas hoje sairia, em média, por R$ 2 mil. Mas o auxílio-moradia pago hoje aos parlamentares é quase o dobro: R$ 3,8 mil.

O subsídio é concedido àqueles que não são agraciados com apartamentos funcionais. Esses imóveis, que eram simples e austeros há 30 anos, hoje são moradias de luxo, equipados com hidromassagem e mobiliados nas principais grifes de arquitetura da capital. A Câmara investiu R$ 600 mil em cada uma das 432 unidades de 240 metros quadrados. Manter cada apartamento custa à mesma Câmara R$ 2,2 mil mensais, incluindo lavanderia para higienização de cortinas e jardinagem da área externa.

Fixar residência em Brasília era a necessidade de legisladores que, em tese, trabalhariam a maior parte do tempo na capital federal. Por isso, a antiga administração da Câmara não investia grandes recursos em passagens aéreas para os representantes públicos. Até a década de 1980, os deputados ganhavam apenas quatro passagens, ida e volta, de março a dezembro, no decorrer do ano legislativo. Durante o período de recesso, eram concedidas outras duas “pernas” com destino limitado à capital de origem do parlamentar a Brasília. E para evitar o que hoje ganhou o nome de “farra das passagens”, o bilhete só era reembolsado após a viagem do parlamentar. Atualmente, um deputado de Roraima, por exemplo, dispõe de R$ 23 mil para gastar com passagem. Um parlamentar de São Paulo, de R$ 12 mil.