sábado , 20 abril 2024
GoiásOpinião

Médico escreve artigo no DM e critica a presidente Dilma pelos ataques aos médicos

Veja o artigo do médico e escritor Marcelo Caixeta, publicado no Diário da Manhã:

 

Por que o governo Dilma precisa “comprar” o Congresso? E o que eu, como médico, tenho a ver com isso?

Diário da Manhã

Marcelo Caixeta

O Estadão e a Veja mostraram ontem que Dilma libera 6 bilhões de nosso dinheiro público para que parlamentares do Congresso votem com o governo. Em grosso modo, um jeito de “comprar” a “simpatia” e os votos dos parlamentares susceptíveis a isto. As manifestações de rua, o descontentamento da classe média, todos sabem – menos a Dilma para quem é interessante não saber – , é com os políticos “e” com o governo, mas Dilma quer jogar as bombas todas no colo do Congresso, dando a entender que lá que é o ninho da ineficiência e da indiferença ao povo. O Congresso, evidentemente, captou este movimento anti-parlamentar de Dilma e estava reagindo. Estava também reagindo à vertiginosa queda de popularidade de Dilma. Dilma, por outro lado, pelo menos na área da saúde, que eu conheço bem, vem dando “rata” atrás de “rata”. Com um sistema de saúde “comunista” colapsado (baixa complexidade, baixa resolutividade, expulsão de médicos por falta de condições de trabalho e gerenciamento, cada vez mais “cabides-de-empregos”, diminuição importante do número de hospitais e médicos do SUS apesar de gastos crescentes, etc), como todo governo totalitário, ela tem de colocar a culpa em alguém. Na época da Ditadura Argentina, os generais resolveram colocar a culpa na Guerra das Malvinas; hoje, no Brasil, o mote é focar em uma sangrenta “guerra aos médicos”, eleitos por Dilma e Padilha (Ministro da Saúde) os responsáveis pelo “caos” na saúde. Além deste, há vários motivos, “menos nobres” ainda, para Dilma querer destruir a classe médica. Em primeiro lugar, comprou o “pacote de Padilha” de que deve ter raiva dos médicos porque “estes abandonaram o SUS”. Em segundo lugar, precisa destruir toda parcela da classe média que se contrapor à “venezuelização” do País, ou seja, que se contrapor a um “governo “puro do povão” (que despreza “estudo e trabalho duro” neste País) liderados por um grupo de líderes iluminados” (ela, Lula, Dirceu, Padilha, Genoíno, etc). Grande parcela do “povão” já foi “comprada” com bolsas e cotas, e grande parcela da classe média, e mídia, já foi comprada com empregos públicos e subsídios públicos (a mídia deve mais de 6 bilhões para o governo). Então, sobra muito pouca gente da classe média para se contrapor a um governo totalitário neste País, e os médicos tem sido alguns destes (repito, não por falta de salários, mas por falta de condições para exercer a Medicina, que não tem como ser exercida com segurança no atual “marco regulatório” do Sus). Por isto é uma classe que tem de ser esmagada pelo Governo. Dilma e Padilha usaram, recentemente, um instrumento totalitário inédito na história deste país : a tentativa de destruição da profissão médica. E isto com três medidas : emitiram uma “lei” acabando com a definição do que é ser médico neste País (médico não é aquele profissional que diagnostica doenças, médico não é aquele profissional que prescreve tratamentos) (isto para permitir que não-médicos se transformem em médicos dentro do SUS). Algo inédito no mundo : um País que aboliu, por decreto, a profissão médica. Isto gerou um absurdo tão grande que já há profissionais de saúde não-médicos que tem vindo nas mídias sociais e dito que “não querem ser médicos e que seus cursos e formação profissional não os capacita para darem diagnósticos de doença, diagnósticos médicos, como o governo quer forçá-los a dar (vide, por exemplo, canal no youtube: “Ato Médico: profissionais de Saúde emitem sua opinião”). Mas não é só isto: de imediato, o governo também emitiu uma “lei” que permite pessoas que fizeram cursos técnicos no exterior virem para o Brasil, transformando-os em médicos sem necessidade de diploma médico, como é vigente no Brasil (também para aumentar o número de falsos médicos dentro do SUS). Além disto, aumentaram o curso de Medicina de 6 para 8 anos, sendo que estes dois anos “complementares” teriam de ser dados, obrigatoriamente, em regime de semi-escravidão, no falido SUS (também um modo de arranjar pseudo-médicos, a baixo custo, para atenderem os “cidadãos de baixo custo do SUS”). Pois bem, como o leitor(a) deve ter notado, seriam projetos difíceis de serem aprovados num Congresso antenado com o que se passa na sociedade civil (e não voltado apenas para o populismo da classe dependente de bolsas e cotas, como está o governo hoje). Vendo toda esta dificuldade, Dilma precisa mesmo “molhar a mão” do Congresso com um “dinheirinho” para ver se os deputados votam alinhados com ela, aprovando, entre muitas outras coisas, seus projetos totalitários de destruição da Medicina (e outros que não dá tempo de falar aqui). O que é pior nisto tudo é que, com tantos pseudo-médicos não é apenas o SUS que será invadido nesta prática, exatamente porque as “leis”, se aprovadas, valerão também para a sociedade civil, onde, em breve, numa UTI, seu pai, sua mãe, sua filha, estarão sendo atendidas por um “técnico em saúde” formado em Cuba e sem diploma médico ou por um profissional de saúde não-médico “eleito” para ser médico pelo governo “comunista”. Apenas uma palavra final para os que falam que nós, médicos, ao alertarmos a sociedade civil para isto, estamos fazendo “reserva de mercado”. Para mim, particularmente, este não é o caso, pois estou com a agenda lotada para um ano, sem previsão de abrir novas consultas de primeira vez. O hospital psiquiátrico que dirijo está sempre sem leitos disponíveis para quem precisa; portanto, para quem pratica uma boa medicina, é o contrário disto, estamos “bombando” de tanto trabalho, pois “decretos não substituem a competência técnica e humanismo”. Portanto, sou um dos que não está nem aí para concorrência, o que é difícil de se ver é a anulação de um trabalho profissional pelo qual lutei, e muitos lutaram por tantos anos, com tanto esforço e dedicação e ver também o risco que “Todos Nós” estamos correndo ao entregarmos nossas vidas nas mãos de quem não foi preparado para isto. E tudo para “salvar” um governo totalitarisa e um sistema de saúde que, dado o “comunismo-estatização” vigente nele (falta de competência, resolutividade, hierarquização técnica, politicagem, parcerias com a sociedade civil, etc), não tem solução. Uma lástima para o País.

(Marcelo Caixeta, ex-coordenador de saúde mental no Estado de Goiás)

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