“Escolhi ser professor tomado por uma visão romântica, de que eu poderia ajudar a transformar esse país, ensinar alguns dos meninos e meninas que iriam construir um Brasil mais justo para as novas gerações…. A realidade bateu à porta da minha utopia: carga horária pesada, falta de reconhecimento social, desinteresse de tantas partes me desestimulam, me fizeram, inclusive, procurar outro ofício, mas não abandonei a sala de aula”.
O testemunho foi publicado por Raphael Alves de Souza, professor de literatura da rede pública de ensino, em seu perfil no Facebook nas primeiras horas desta terça-feira.
Terça-feira, 15 de outubro, Dia do Professor.
Raphael é parte de um exército numeroso de super-herois que, giz em punho, lutam em favor da Educação.
O empenho destes soldados contrasta com o desinteresse do poder público em investir nas salas de aula e em construir um País mais digno, com livros e cadernos.
Ensinar não é fácil, aprender também não. E foi a duras penas que Raphael aprendeu que o professor é tratado com desdém no Brasil.
Seus colegas de profissão lotados na rede de ensino de Goiânia estão em greve.
Concordariam em gênero, número e grau com o desabafo publicado no Facebook, que haverá certamente de preceder outros milhares a serem publicados ao longo desta data importante, dedicada à reflexão.
Era para ser um dia de comemorações, mas será um dia de ocupação.
A greve continua. Prefeito, a culpa é sua.
Passaram-se 22 dias desde que os servidores da rede municipal de Educação tomaram posse do que é nosso, mas que às vezes é expropriado indevidamente para manobras vis de Clécio Alves e Célia Valadão: o plenário da Câmara Municipal de Vereadores.
Apenas nessa segunda-feira Paulo Garcia ouviu os apelos para abrir negociação com os grevistas. Sem, no entanto, apresentar uma contraproposta que possa encerrar a rebelião.
Os amotinados querem a universalização do auxílio-locomoção, que o prefeito pretende cortar quase pela metade.
22 dias de greve.
A bem da verdade, sempre houve mais motivos para se preocupar do que para comemorar nos dias dos professores.
Dessa vez, porém, o quadro é pior.
Parece que estamos andando para trás.
O blog Goiás 24 Horas, circunscrito à função de observador da lamentável teimosia do Paço, limita-se ao papel que nos resta nesse momento: desejar um feliz Dia do Professor ao prefeito Paulo Garcia.