sexta-feira , 19 abril 2024
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Deu no Diário da Manhã: campanha em Goiás começa com “choque de gerações”

Reportagem publicada no Diário da Manhã da última sexta-feira afirma que os primeiros dias de campanha eleitoral em Goiás já permitiram à população identificar o tom dos discursos dos principais candidatos.

Marconi Perillo (PSDB) adota o “aprofundamento das mudanças”; Iris Rezende (PMDB) mostra experiências dos anos 1980 e 1990; Vanderlan Cardoso (PSB) não consegue emplacar tese nenhuma.

É o que o DM chama de “choque de gerações”, numa clara referência ao antagonismo entre Iris e Marconi.

Veja aqui a reportagem:

Campanha começa com “choque de gerações”

A campanha ao governo do Estado começou abrindo a expectativa de choque de gerações e debate em que, certamente, vão colidir ideais do passado e do futuro. Com o fim das convenções e a definição de sete candidaturas ao posto máximo do Executivo goiano, já é possível avaliar o tom do discurso dos quatro principais personagens da disputa: o governador Marconi Perillo (PSDB), e os ex-prefeitos Iris Rezende (PMDB), Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT).

O processo eleitoral, no entanto, tenderá a repetir a polarização histórica entre os candidatos Marconi e Iris, duelo que se arrasta, desde 1998, quando o atual governador surpreendeu o País com o advento do Tempo Novo. Vanderlan e Gomide pintam no cenário como franco-atiradores. Já os partidos tido como nanicos, re-presentados por Alexandre Magalhães (PSDC), Marta Jane (PCB) e Weslei Garcia (PSol) vão para a peleja apenas difundir os seus respectivos programas de governo.

Muitos ataques, falta de propostas e volta ao passado

Nas primeiras participações, Iris Rezende indica que se manterá fiel ao estilo clássico, o figurino que veste desde os anos 1960, quando irrompeu no circuito eleitoral de maneira fulminante até conquistar, pela primeira vez, a Prefeitura de Goiânia (1966). Foi justamente nesta primeira experiência que Iris cravou o estilo que faz questão de preservar até hoje: o “homem dos mutirões”.

Mesmo aconselhado pelos próprios marqueteiros a ter os olhos mais voltados para frente do que para trás, Iris não arredou um centímetro do que realmente mais gosta de propagar. Nos três primeiros discursos que fez, repetiu a saga dos mutirões um punhado de vezes e chegou mesmo a sugerir que vai insistir neste modelo, mesmo em pleno século 21.

Do que Iris falou até agora, 80% foi para lembrar o que realizou nos anos 1960 e 1980. Não abandonou a posição dos ataques, sem ligar para as recomendações dos que o alertam para o fato de que baixaria nunca ganhou eleição em nenhum lugar do mundo. O saudosismo de Iris é tanto que chegou a sugerir a volta da estrutura administrativa de seu primeiro governo (1983-1986), quando subsistiam órgãos como o Crisa e a Caesgo, por exemplo.

Não aos ataques, discurso propositivo e defesa da modernidade

O ambiente das principais convenções recentemente realizadas foi onde mais fortemente ecoou a linha do discurso dos quatro candidatos melhor avaliados em pesquisas. O governador, que vai à reeleição, fez sua estreia ao decolar com o discurso de “aprofundar as mudanças”, num esforço muito claro para se recriar enquanto novidade, e sempre com perfil voltado para o presente e o futuro.

Marconi Perillo se negou a responder à cordilheira de ataques de que vem sendo vítima desde a pré-campanha. Ao invés do bate-boca, preferiu estabelecer o eixo do programa de governo que vem sendo gestado: intensificar os esforços para avançar Goiás na era da tecnologia como instrumento de democratização do acesso a serviços de qualidade, principalmente para as camadas de menor poder aquisitivo. Transformação e modernização são as peças que funcionam como coluna central para a articulação do projeto do tucano.

Em seu primeiro comício, ocorrido na última quinta-feira, Marconi Perillo afirmo que “quer dialogar e ouvir a população na campanha”

Discurso pouco criativo causa queda em pesquisas

Em queda contínua nas pesquisas, Vanderlan Cardoso tenta a sorte numa trajetória que lhe foi, até agora, pouco pródiga em resultados concretos. Há quatro anos em pré-campanha explícita ao governo, não conseguiu melhorar os seus índices, muito menos ampliar o leque de alianças – o que resultou numa chapa de fraca densidade eleitoral.

A parceria nacional que resultou na chapa Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Projeto Rede), à Presidência da República, gerou a expulsão do deputado Ronaldo Caiado (DEM) do seu grupamento, num dos episódios mais grotescos da sucessão. Só restou ao ruralista buscar abrigo no PMDB de Iris, a quem sempre combateu.

Apenas com o ombro amigo de velhos companheiros desde os tempos do ex-governador Alcides Rodrigues, que migrou do PP para o PSB depois de gestão fartamente mal avaliada, Vanderlan busca cavar espaços num eleitorado cada vez mais diverso, mas encontra fortes resistências, em especial junto à juventude. O estilo sisudo, circunspecto e sistemático do empresário colide com a alegria de uma nova geração tecnológica, “cabeça aberta” e antenada.

O fato novo que não decola e mostra falta de rumo

O petista Antônio Gomide, desde que deixou a cômoda posição de prefeito de Anápolis, experimentou logo de cara as dores da planície. Empurrado pelo sonho de se tornar o “fato novo” da disputa, foi o pivô do rompimento da aliança com o PMDB de Iris. Esperava, no embalo da ousadia, atrair novos parceiros para dar volume à candidatura, mas a resposta no campo partidário tem sido cruel. Terá que enfrentar a palco eleitoral em carreira solo. Para isso, montou uma chapa puríssimo sangue com o vereador Tayrone Di Martino na vice e a suplente de deputada federal Mariana Sant’Anna concorrendo ao Senado.

Não bastasse a solidão da disputa, Gomide sofre ainda com os constantes revezes representados pela conduta administrativa do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, considerada catastrófica, e com a queda constante de popularidade da presidente Dilma Rousseff. Para se ter uma ideia de como a gestão petista na Capital funciona como detonadora da candidatura do anapolino, basta dizer que sua convenção se transformou em octógono, com a militância da estrela aos sopapos com professores em greve. O babado das urnas só está começando.