sexta-feira , 19 abril 2024
GoiásImprensa

Televisão por streaming e morte dos jornais impressos traçam rota para o fim dos grupos familiares de mídia no Brasil. Entre eles, o Jaime Câmara

A marcha inevitável da televisão por streaming, em que cada telespectador monta o seu canal particular de TV, e a a iminência da morte dos jornais impressos – fenômenos de escala mundial, terão em prazo não muito longo uma consequência inexorável no Brasil: o fim dos grupos familiares de mídia, que se formaram confortavelmente à sombra da Rede Globo e hoje vivem um momento de crise por não saber o que fazer diante do avanço da comunicação acelerada via internet.

Talvez não haja o que fazer.

Jornais como O Popular padecem da queda de receitas publicitárias, redução das tiragens e crescente desinteresse dos leitores. Emissoras meramente replicadoras da Rede Globo, como a TV Anhanguera, estão sendo afetadas pela audiência decrescente que está jogando no chão antigos campeões do Ibope, como o Jornal Nacional e a novela das 9.

A Rede Globo, pelas suas dimensões nacionais, tem a sobrevivência garantida, já que inclusive está correndo atrás dos novos produtos de consumo que a internet transformou em realidade, como a geração de conteúdo para distribuição via streaming. Mas os seus subgrupos locais, em todo o país, estão em uma encruzilhada: de norte a sul, todos esperneiam para encontrar saídas para a sobrevivência, só que ninguém ainda achou a fórmula mágica para isso. E talvez não exista.

Os balanços do Grupo Jaime Câmara, no setor de jornais, mostram lucratividade e receitas em baixa, enquanto as despesas subiram mais de 30% só no período de 2012 a 2014. A editora de O Popular, Cileide Alves, com mais de 30 anos de profissão e portanto egressa do jornalismo de máquina de escrever, trabalha sob pressão para encontrar um jeito de renovar um jornal que hoje não consegue responder ao desafio de migrar para a plataforma digital e continua “informando” os seus cada vez mais escassos leitores sobre o que aconteceu 24 horas atrás.

Veja o exemplo deste sábado: na primeira página e na página 10, O Popular “informa” que “funkeira goiana e morta no Rio”, notícia tão velha que o assassino já estava preso e o corpo já trasladado e sepultado em Goiás quando o jornal circulou com a notícia.

Nos Estados Unidos, cerca de 3% do tráfego da internet diz respeito a leitores que procuram notícias. Desses 3%, cerca de 90% vai para os sites dos grandes conglomerados de mídia, uma boa parte para os blogs e apenas uma fração mínima para os jornais ou televisões locais. Não existem estatísticas parecidas no Brasil, mas vamos a uma comparação, leitor amigo: no dia da prisão do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, você buscou informações na internet onde? Em sites como o UOL ou o da revista Veja ou no site de O Popular?

Os donos do Grupo Jaime Câmara, que vendem produtos jornalísticos, mas são meros empresários, sem formação específica para comunicação, imaginam que podem “reformar” seus veículos, como O Popular (o jornaleco Daqui não vale nesse raciocínio, porque não é um jornal, mas sim uma loja de venda de utensílios de cozinha) ou como os programas noticiosos da TV Anhanguera, podem estar enganados. No mundo moderno, esses são produtos vencidos, que não podem ser recuperados. É questão de tempo. Não existe saída.

[vejatambem artigos=” 45353,45324,45141,45138,45137,45136… “]