sábado , 20 abril 2024
Goiás

Por que o painel do Bicicleta sem Freio deve ser retirado do prédio do Centro Cultural Oscar Niemeyer? Simples: porque não é arte

Uma falsa discussão está se instalando nas redes sociais e na imprensa em Goiás: o painel pintado pelo grupo Bicicleta sem Freio, em uma das paredes do prédio da biblioteca do Centro Cultural Oscar Niemeyer, deve ser retirado ou mantido, para sempre, no local?

O painel foi produzido especialmente para um evento musical – chamado de Festival Bananada – e, inicialmente, está previsto para ocupar a parede por 30 dias. Mas o trabalho despertou simpatias, algumas pessoas sugeriram a sua permanência e a secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, que, não bastasse estar atolada em uma greve de professores, também é responsável pela área cultural do Governo, cometeu o erro de anunciar um debate público para saber se a “obra” fica ou sai do CCON.

A ideia da secretária é de uma infelicidade profunda. Por que? Por um motivo simplicíssimo: o tal painel não é arte coisíssima nenhuma e, portanto, não pode nem deve ocupar para sempre um espaço tão nobre quanto a gigantesca parede do Centro Cultural onde foi pintado. É apenas design de exteriores. No máximo, arte decorativa – e arte decorativa não é arte, a exemplo dos quadros de Romero Brito.

O painel do Bicicleta sem Freio é sem dúvida, como disse o governador Marconi Perillo em seu perfil no Twitter, “muito bonito”, porém só isso. Não quebra paradigmas. Não remete às profundezas do homem. Não questiona a sociedade. Não traz técnicas novas de expressão. É até, de certa forma, pior que o grafite de rua, repleto de energia nas suas formas toscas e desorganizadas por natureza. É colorido e vívido, mas não tem força. Não tem ritmo (apesar da aparência torrencial), sendo apenas aleatório e sem sentido. Não diz nada a ninguém. Não permite uma experiência plástica.

O painel é design e design não é arte, mas, sim, decoração. Por pouco tempo, pode ficar, claro, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, assim como ali acontecem shows de cantores sertanejos e até evangélicos, com a duração de uma ou poucas noites, sem impregnar um ambiente que é revolucionário e se constitui hoje em um dos mais interessantes espaços culturais do país.