É líquido e certo: os controladores mundiais da Mitsubishi vão ficar engasgados com as denúncias de corrupção fiscal envolvendo a filial da companhia no Brasil – onde uma empresa brasileira, a MMC Motors, fábrica carros com a logo da Mitsubishi em Catalão.
A MMC é o principal alvo de duas investigações, uma da Polícia Federal (a Operação Zelotes) e outra de uma CPI instalada no Congresso, que apuram a venda de decisões do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), um órgão do Ministério da Fazenda. Segundo as primeiras revelações, dois conselheiros teriam atuado para fraudar uma decisão que reduziu uma dívida de R$ 266 milhões da Mitsubishi brasileira com o Fisco Federal para menos de R$ 1 milhão. Pelo “favor”, a MMC pagou R$ 20 milhões.
O desfecho do caso pode levar ao fim das operações da Mitsubishi em Catalão, nos moldes atuais – como se sabe, trata-se de uma”franquia” e não da Mitsubishi diretamente. Faz parte da cultura japonesa um extremo rigor e total intolerância com a corrupção, ao contrário do Brasil considerada desonrosa e um crime capital. Um exemplo sempre lembrado ocorreu em maio de 2007, quando Toshikatsu Matsuoka, deputado e ministro da Agricultura do Japão, de 62 anos de idade, cometeu o suicídio. Acusado de corrupção, Matsuoka enforcou-se com uma correia de cachorro na porta da sala onde morava, em Tókio, ao não suportar a vergonha dos seus atos.
A população japonesa é considerada a mais honesta do mundo. Os princípios de lealdade, honra e conduta pessoal são ensinados às crianças desde a escola maternal. É isso que vai pesar, agora, caso os donos e os principais executivos da Mitsubishi de Catalão – já com os sigilos quebrados – venham a ser incriminados.
