segunda-feira , 18 março 2024
Imprensa

Editorial da rádio 730: “Lula finge que ouve e fala o que não ouve”

Veja o editorial da rádio 730, nesta sexta-feira:

Lula finge que ouve e fala do que não ouve

Última atualização em Sexta, 19/07/2013

Um mês depois da grande manifestação que reuniu mais de 1 milhão de pessoas pelas ruas das cidades brasileiras, o ex-presidente Lula resolveu se manifestar. Mas não para o seu povo. Preferiu fazer sua análise sobre os protestos que abalaram as estruturas do poder no Brasil para o os americanos via agência de notícias do New York Times. Em seu artigo publicado mensalmente no jornal, Lula diz que seria mais fácil explicar o levante popular em países “não-democráticos” ou em países que passam por crise econômica.

O artigo do ex-presidente demonstra que ele não entendeu o recado das ruas. Ou prefere fazer ouvidos moucos às palavras de ordem gritadas aos sete ventos por estudantes, trabalhadores, donas de casa e idosos. O Brasil não foi para as ruas apenas para participar plenamente da democracia, como afirma Lula em seu insidioso artigo. Foi reclamar dos rumos da nossa democracia.

O País colheu sucesso nas áreas sociais, econômicas e políticas nas últimas décadas, como Lula ressalta? Certamente que sim, tanto nos governos tucanos como nos petistas. Mas não foi o que deu certo que levou as pessoas às ruas. É aquilo que não está dando certo. Lula lembra que os jovens que invadiram as ruas não viveram a inflação da década de 1980, mas esqueceu de dizer que essa conquista está ameaçada. A economia do País vive seu momento mais frágil desde a implantação do Real, com a alta dos preços ultrapassando a meta de 4,5%. E para o governo, a inflação batendo na casa dos 6% é normal. Mas não é. A inflação em países emergentes, que além do Brasil inclui Rússia, Índia e China, anda na casa dos 2%. O crescimento do Brasil também é bem inferior ao do grupo e da América Latina, que cresce em média 4,5% enquanto o PIB brasileiro não deve chegar a 2% este ano.

Lula disse ter entendido algo que ele na verdade não aceita: o povo não aprova a maneira que o governo petista vem torrando o dinheiro público. O povo não quer ver o resultado de três meses de trabalho que vão para os impostos ser gasto com estádio de futebol que serão entregues para a iniciativa privada lucrar mais tarde. O ex-presidente se esqueceu de que, ao pleitear ser a sede da Copa do Mundo, ele prometeu que o evento seria bancado pela iniciativa privada. Até agora foram gastos com estádio 28 bilhões dos cofres públicos. A contribuição da iniciativa privada virá depois da Copa. Não em investimento, mas na coleta dos lucros.

O povo quer probidade na administração, não reforma política. Ao hostilizar os partidos políticos nas manifestações, as pessoas hostilizaram o que eles representam hoje no Brasil: políticos que mamam nas tetas dos governos inchados de apaniguados. O governo da presidente Dilma Rousseff soma 39 pastas com status de primeiro escalão. Desde 1990, esta é administração federal com o maior número de cargos de primeiro escalão. O Executivo goiano é composto por 14 secretarias, sendo seis extraordinárias, além de 19 órgãos de assessoramento da governadoria. No âmbito municipal, o prefeito de Goiânia Paulo Garcia (PT) quase duplicou o número de secretarias em comparação ao governo de Iris Rezende (PMDB), seu antecessor. De 17, o número de secretarias passou para 32, entre 2008 e 2013.

Lula diz ter autoridade para falar sobre o Brasil, mas lhe passa despercebido que não é MAIS que as pessoas querem, como disse em seu artigo. Quem foi às ruas quer MENOS; menos corrupção, menos gasto com medidas populistas, menos gasto para manter esse conluio partidário no poder. O povo quer mais honestidade, quer políticos com visão republicana, quer estadistas na administração do País. A população quer transparência com a coisa pública, repudia as manobras que o governo vem fazendo para equilibrar as contas públicas e que colocam em risco grandes empresas estatais como a Petrobrás e a Caixa econômica Federal e o próprio BNDES.

Desde que as manifestações passaram a atingir o governo federal, que no primeiro momento dizia se tratar de pelengas com os municípios, Dilma Rousseff se reúne semanalmente com Lula. Deve ter partido dele a ideia de propor a estapafúrdia reforma política – por meio de plebiscito – para aclamar os ânimos da população, acreditando que assim poderia canalizar os anseios populares para uma mudança que beneficiaria o PT nas urnas. Diferente do que pensa Lula, o povo não precisa de melhores formas de participação. Eles já acharam uma maneira eficaz de dar seu recado: as ruas. O povo precisa ser ouvido e que sua mensagem seja corretamente entendida. O problema da comunicação está do outro lado; na surdez de Lula e seus companheiros.

Artigos relacionados

Imprensa

Imperdível: Messias da Gente entrevista Ministra Cármen Lúcia na TV Cultura de Brasília

O jornalista Messias da Gente, TV Cultura/DF, gravou uma entrevista especial para...

Imprensa

Cileide Alves aponta característica autoritária de Caiado no O Popular. Parabéns, ótimo artigo

A jornalista Cileide Alves escreveu um belo artigo neste sábado (25) no...

Imprensa

Moraes prepara pedido de prisão de Bolsonaro, diz site

Segundo informações do site Metrópoles, pessoas que trabalharam com Bolsonaro e que...

Imprensa

Site do ‘zero ou dez’ com Carlinhos do Esporte da Terra FM cumpre como poucos vereadores o papel de fiscalização na capital

Carlinhos do Esporte (Terra/FM) é atuante no blog https://carlinhosdoesportebairros.com.br e cumpre um...