quinta-feira , 25 abril 2024
Goiás

Incoerência: Vanderlan critica empréstimos de Goiás, mas veja o que Eduardo Campos faz em Pernambuco: já tomou R$ 7,5 bilhões no exterior

Coerência não é definitivamente o forte do empresário e neossocialista Vanderlan Cardoso.

Além de sua trajetória errática por diversos partidos, culminando com sua filiação ao PSB (o que tem Vanderlan de afinidade com o socialismo?), ele se encaixa perfeitamente no figurino clássico do “faça o que eu falo, não o que eu faço”.

Vanderlan critica o governo goiano por tomar empréstimos (crítica equivocada, oportunista e desinformada. A dívida do Estado está caindo), mas o governador Eduardo Campos, que deve ser o modelo de administrador do ex-prefeito, já endividou o Pernambuco em R$ 7,5 bilhões, colocando aquela unidade como a que mais fez empréstimos no Brasil.

Se é ruim para Goiás, como fiz Vanderlan, ele tem de ser homem também para dizer que Campos, seu provável candidato a presidente, errou também.

E aí, Vanderlan?

Veja matéria publicada na Folha de S. Paulo:

 

De olho no Planalto, Campos endivida PE em R$ 7,5 bilhões

Oposição tucana diz que governador joga a conta para as próximas gestões

Governo diz que Estado precisa melhorar seus indicadores sociais e diz que seca e crise global afetaram a arrecadação

DANIEL CARVALHO DO RECIFE
Empréstimos internacionais recordes marcam a reta final da gestão Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco.

Nos últimos dias o Estado tomou cerca de R$ 2 bilhões com o Bird (Banco Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), recursos que têm sido usados para turbinar obras de infraestrutura e de convivência com a seca, entre outras.

Enquanto isso, o provável rival da presidente Dilma Rousseff em 2014 tem percorrido o interior do Estado em inaugurações e assinaturas de ordens de serviço.

Para a oposição, Campos assume mais compromissos do que pode entregar e usa empréstimos para jogar a conta para a frente — os pagamentos se estendem por até 30 anos. Na era Campos, iniciada em 2007, o Estado já soma R$ 7,5 bilhões em empréstimos em instituições nacionais e estrangeiras. Até o final de setembro ele deve tomar mais R$ 1 bilhão no BID.

“O governo tenta criar uma sensação de bem-estar para este momento provisório de algumas obras que estão em andamento, mas que dificilmente serão concluídas”, critica o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB).

Para o governo, os empréstimos refletem credibilidade e capacidade de gestão. “O Estado só pode avançar seus indicadores sociais se continuar investindo em saúde, educação e segurança. E precisa continuar investindo em infraestrutura. Se não cresce, não se desenvolve”, diz o secretário de Planejamento e Gestão, Frederico Amâncio.

Com discurso ancorado na inovação na gestão pública, Campos tem elevado as despesas com pessoal –só em 2013 já gastou mais do que em 2012–, mas sofre pressões salariais, como a dos policiais.

Vitrine da gestão, o programa de redução de homicídios contratou 2.000 policiais neste ano e contribuiu para elevar os gastos com pessoal quase ao limite de alerta. Só nos quatro primeiros meses deste ano a folha já consumiu R$ 10 bilhões, ante R$ 9,7 bilhões nos 12 meses de 2012.

O governo diz se esforçar para controlar esses gastos. Afirma que a arrecadação sofreu o baque da maior seca dos últimos 50 anos e da crise mundial. Entre as três principais despesas do Estado (segurança, educação e saúde), as duas últimas foram as que empregaram mais recursos.

O governo priorizou promessas da campanha de reeleição de Campos em 2010, como construção de hospitais, unidades de pronto-atendimento, escolas técnicas e de ensino integral.

Em 2012, o crescimento do PIB pernambucano ficou em 2,3%, acima do ritmo nacional (0,9%), mas abaixo da previsões do governo, que rondavam 4%. Mesmo com o cenário desfavorável para a economia, os gastos do governo continuam abaixo dos limites de alerta.

A aparente estabilidade contribuiu para que Campos fosse o governador mais bem avaliado do país. Mas os 58% de aprovação não anteciparam o anúncio de sua candidatura, o que deixa incerto o futuro das eleições no Estado.