quarta-feira , 24 abril 2024
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Tribuna do Planalto: PMDB tenta colocar panos quentes na crise interna do partido

Veja a matéria do Tribuna do Planalto:

 

PMDB tenta por panos quentes na crise interna

Marcelo Tavares – Repórter de Política

Peemedebistas amenizam disputa intensa no partido entre adeptos do ex-prefeito Iris Rezende e do empresário Júnior do Friboi

As declarações de peemedebistas, na semana passada, deixaram claro que existe uma disputa interna dentro do PMDB em relação ao nome que encabeçara a chapa da oposição em 2014. De um lado o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, se posiciona como único candidato; e de outro, embora não assuma claramente, o ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), trabalha nos bastidores e também se mostra como um pré-candidato. A forma e o tempo de escolha do candidato viraram peças de discussão pesada entre as lideranças. No discurso, porém, a prioridade é por panos quentes na disputa e buscar a tão sonhada unidade.
Os dois nomes na disputa são simbólicos. Friboi representa uma grande força econômica, já que é um dos donos da maior empresa de proteína animal no mundo. Já Iris tem uma grande força política em Goiânia e no interior, além de contar com apoio das alas mais conservadoras do partido. Apesar da celeuma, as principais lideranças tentam apaziguar os ânimos afirmando que não há disputa ou racha dentro do partido e ainda consideram como saudáveis as discussões para que o PMDB exponha suas melhores opções.
Um dos responsáveis por trabalhar para que Friboi fosse para o PMDB, o deputado federal Pedro Chaves afirma que não existe disputa interna para encontrar um nome para concorrer ao governo em 2014. “Hoje no partido só tem um candidato, o Friboi, porque o Iris nunca disse que será candidato”, ressalta o deputado, que completa afirmando que Iris e Friboi estão afinados e são amigos há mais de 30 anos.
Muitos integrantes do partido afirmam que Iris não será candidato e parecem esquecer algumas partes do discurso do líder peemedebista durante o encontro partidário em Catalão, em julho passado. Bem ao lado de Júnior Friboi, Iris disse que ainda pensa nas eleições para o ano que vem. “Ainda penso nas eleições sabe por quê? Porque se eu ficar indiferente, omisso ao futuro de Goiás, eu estou negando diante de Deus tudo que ele me determinou um dia quando me fez político”, garantiu. Na avaliação de Pedro Chaves, Iris nunca deixou de discutir as eleições no Estado, “ele sempre participou das atividades e é um coordenador dentro partido”, frisa.
Embora aposte só no nome de Friboi para concorrer o governo de 2014, Pedro Chaves acredita que, no caso de um outro nome surgir, a prévia é a melhor saída para escolha do candidato do PMDB. “Acredito que quanto mais rápido acontecer a definição melhor para o partido, só não podemos passar de março do ano que vem”, explica o deputado, que acredita que a definição não pode ficar para convenção de junho de 2014.

Disputa
O presidente regional do PMDB, deputado estadual Samuel Belchior, afirma que não existe disputa no partido porque o único postulante, até agora, a ocupar o Palácio das Esme­raldas é Júnior do Friboi, mas ele não descarta que novos nomes surjam. “Podem surgir muitos candidatos até a convenção de junho. Essa discussão de nomes no partido só irá ficar para o ano que vem”, ressalta.
Embora muitos dos parlamentares do PMDB mostrem que não há clima de disputa interna, o deputado estadual Daniel Vilela, em conversa com a Tribuna, deu sinais que o clima não é tão tranquilo. “É preciso um diálogo mais sincero (dentro do partido)”. Segundo ele, já é claro que Junior Friboi é pré-candidato, mas ainda há indefinição por parte do Iris. “Não consegui identificar o que e ele quer ainda, é preciso que ele demonstre mais clareza a sua postura”, afirma Daniel, completando que é necessário mais conversa e aproximação entre Iris e Friboi. “Unidos já é difícil ganhar o governo, agora imagina desunidos”, sublinhou.
O diálogo entre os pré-candidatos, definido por Vilela, também teria outra função: o partido definir qual melhor momento e estratégia na divulgação do candidato. “Não há como adiar essas conversas, elas têm que acontecer, porque se não acontecer acaba gerando uma guerra dentro do partido”, explica o deputado estadual. Para ele, a falta de diálogo acaba gerando ações desencontradas, cria distanciamento e o agrupamento de candidaturas, o que só enfraquece o partido.
Ao contrário de Vilela que observa uma clima mais pesado na sigla, o deputado estadual Bruno Peixoto, líder do PMDB na Assembleia Legislativa, faz questão de ressaltar que não há disputa interna no partido. “O PMDB caminhará unido para 2014”, afirma. “Mantenho conversa com os Iris e Friboi quase que diariamente e posso lhe afirmar que não existe uma disputa ou embate entre os dois. Essa promoção de disputa é disseminada pelos nossos adversários, que são integrantes do atual governo”, sublinhou o deputado, fazendo questão de demonstrar que não há animosidade entre os dois pré-candidatos.

Estrutura
A disputa no PMDB para saber qual nome será lançado em 2014 nem sempre é vista com maus olhos pelos integrantes do partido. O prefeito de Porangatu, Eronildo Valares, diz que isso é salutar e que sigla tem duas pessoas de grande expressão para a concorrer ao governo em 2014, caso Iris confirme sua pré-candidatura. Mas Valadares mostra preferência por Junior Friboi. “Ele tem uma estrutura melhor e significa renovação e é isso que o povo quer” afirmou o prefeito, que também elogiou Iris Rezende. “Gosto muito do Iris, ele é a reserva moral do partido, a maior liderança individual do partido, mas entendo que agora é a vez do Friboi. Para peitar o Marconi é preciso que haja uma pessoa que tenha estrutura”, reafirmou o prefeito, considerando que o Senado é o melhor caminho para Iris.
O membro da executiva do diretório regional do PMDB, Kid Neto, diz que é natural que Júnior Friboi trabalhe para firmar seu nome, mas ele afirma que não existe nenhuma definição no partido na escolha do nome e que isso só deve ficar para janeiro. “O Júnior é o único nome do partido porque até agora foi quem declarou pré-candidatura, mas isso não impede que até a convenção surjam novos nomes. O prefeito de Jataí, Humberto Machado, disse que está disposto para disputa e o próprio presidente regional do PMDB (Samuel Belchior) também tem esse desejo, mas não fala muito pelo respeito a Iris”, conta Kid, que afirma que o empresário do ramo de frigoríficos ainda precisa criar uma história dentro partido.
Ainda segundo Kid, uma definição do candidato da sigla é ruim para o partido no sentido que o possível nome vira alvo fácil de ataques. “O objeto da dúvida nos ajuda”, ressalta. O partidário também defende que não há garantia para ninguém de candidatura e que este momento em que surge as discussões deve ser direcionado para fortalecer o partido, criando chapas competitivas e discutir alianças. “Temos que esperar até janeiro e caso cheguemos lá sem um consenso aí pensamos em prévias para decidir a disputa”, afirma.

O debate sucessório dentro do PMDB

Hoje no partido só tem um candidato, o Friboi, porque o Iris nunca disse que será candidato”
Pedro Chaves, deputado federal

Não consegui identificar o que e ele quer ainda, é preciso que ele demonstre mais clareza na sua postura”

Daniel Vilela, deputado estadual

Gosto muito do Iris, ele é a reserva moral do partido, a maior liderança individual do partido, mas entendo que agora é a vez do Friboi”

Eronildo Valadares, prefeito de Porangatu

Iris não é pré-candidato, o Junior é o único.”

Samuel Belchior, deputado estadual e presidente do diretório regional do PMDB

Essa promoção de disputa (no PMDB) é disseminada pelos nossos adversários, que são integrantes do atual governo”

Bruno Peixoto, deputado estadual

Júnior é o único nome do porque até agora foi quem declarou pré-candidatura, mas isso não impede que surjam novos nomes.”

Kid Neto, membro da executiva do diretório regional do PMDB

 

Realização de prévias divide o partido

A possibilidade de contar com prévias para decidir quem encabeçará a chapa da oposição nas eleições de 2014 não encontra ressonância entre as lideranças do partido. Alguns as defendem, argumentando que é uma forma democrática de escolha. Outros, porém, lembram que uma disputa por votos poderá desagregar o PMDB e aquele que for escolhido terá dificuldades para unir o partido. Desta forma, estes integrantes acreditam que as prévias não serão necessárias, já que a sigla pode chegar a um consenso em torno de um só nome.
Pedro Chaves é defensor das prévias no partido, caso surja algum candidato além do empresário Júnior do Friboi, mas ele diz que isso não será necessário já que acredita que Iris Rezende não será candidato ao Palácio das Esmeraldas. Desta forma, o partido caminharia para um consenso.
O presidente Samuel Bel­chior diz que as prévias no partido é uma possibilidade para evitar embates durante a convenção. “Se elas acontecerem, têm que ser no momento certo e levando em consideração os partidos aliados, já que podem gerar desunião. Em prévias é preciso cautela para evitar desgastes”, explica o presidente.
Daniel Vilela avalia que no atual momento das discussões não consegue dizer qual é a melhor saída para o partido, mas ele se mostra favorável à realização de prévias, que para é uma “forma democrática do partido se manifestar”. “Quem perder poder sair magoado, mas isso faz parte e é um critério que não pode ficar de fora do partido”, avalia.

Contrário
Já Bruno Peixoto não é apoiador de prévias partidárias porque acredita que ela desagrupa e, portanto, aposta em um consenso. Para ele, o nome escolhido pelo partido irá depender de uma série de quesitos do postulante, como a vontade dos filiados, o desejo da população e também com base em pesquisas que demonstre qual é o melhor candidato.
Peixoto se mostra reticente em apoiar qualquer um dos dois pré-candidatos. “No momento correto o candidato será apresentado”, ressaltou ele, que acredita que esse momento certo seja na convenção do partido, em junho de 2014. Apesar de demonstrar o desejo de esperar para 2014 a divulgação do nome, o deputado não acha prematuras as discussões que ocorrem agora. “Não posso dizer isso porque o debate acaba abrindo espaço para que o PMDB apresente suas opções”, defende.
O prefeito de Porangatu, Eronildo Valadares, disse que é favorável ao instrumento das prévias, mas não nesse caso, pelo menos por enquanto. “As prévias quando acontece divide o partido e para enfrentar essa disputa pelo governo precisamos de unidade e o melhor que o partido pode fazer é chegar a um entendimento”, sublinha o prefeito. “No partido há espaço para todo mundo, e todos devemos analisar e saber quando precisamos recuar”, frisou o prefeito numa clara mensagem a Iris Rezende. (M.T.)