quinta-feira , 25 abril 2024
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Olavo Noleto abre jogo e defende candidatura de Paulo Garcia ao governo em 2014

Veja entrevista de Olavo Noleto ao jornal O Hoje, na estreia de Murilo Santos:

 

“Minha tese é da candidatura de Paulo Garcia ao governo”
Olavo Noleto (PT) abre o jogo e defende de forma enfática o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), como o candidato ideal a governador de Goiás nas eleições de 2014. O subchefe de Assuntos Federativos, da Secretaria de Relações Institucionais, da Presidência da República, faz apenas uma ressalva: o ex-governador Iris Rezende (PMDB) deve estar no centro das decisões do bloco de oposição ao governador Marconi Perillo (PSDB). Você pode assistir a entrevista pelo HojeTV, no portal do jornal O Hoje.

Boa parte do PT nacional já está comemorando a decisão do STF (que só sai na quarta-feira que vem) sobre os embargos infringentes (que permitem a revisão das penas do mensalão). No Palácio do Planalto, o sentimento é de comemoração também?

O Palácio do Planalto sempre procurou separar muito bem as coisas. O governo tem uma agenda para o País. Esse país que cresce, que amadurece, que renova esperanças, tem que garantir a democracia. E uma das principais instituições da democracia é a justiça. Nós acreditamos que o Supremo deve ser aquela instituição em que todo o brasileiro confia. Então o Palácio do Planalto tem que fortalecer as instâncias da democracia. Separamos muito bem isso.

Mas esse julgamento incomoda?
O Planalto não. O Olavo? Eu posso responder muito sobre isso. Eu acho que esse julgamento, desde o começo foi muito midiático. O Supremo Tribunal Federal no meu ponto de vista “surfou” na mídia nesse e em outros julgamentos também. Mas nesse caso foi uma explosão de humores construída ao longo de anos desde 2005 quando estourou a crise do chamado mensalão.

Que o relacionamento entre o ex-presidente Lula e o governador Marconi Perillo é estremecido todos sabem. O que o senhor pode dizer sobre a relação entre Dilma Rousseff e Marconi Perillo. Ela o evita?

É uma relação de uma presidente com um governador. Eles não são do mesmo partido, não têm as mesmas ideologias e não acreditam nas mesmas coisas. Mas ela é a presidente e ele é o governador. O Estado de Goiás é muito bem tratado do ponto de vista institucional. Todas as ajudas necessárias para Goiás aconteceram e continuam acontecendo. Porque esse é um governo republicano. Não existe um governador do PSDB ou do DEM que diga o contrário. Não existe um problema do governo de Goiás que não tenha sido bem tratado e resolvido. Eu não conheço nenhum. Se o governador de Goiás tiver algo para reclamar, um tema, um contencioso, que diga assim Goiás está sendo discriminado.

O senhor é filho de jornalistas. A mãe do senhor foi assessora de imprensa do então deputado federal Marconi Perillo, quando candidato a governador em 1998. Ela até escreveu um livro sobre a campanha: O Moço da Camisa Azul. Também em função disso, é verdade que o senhor tem uma relação próxima com o governador?
Não, muito próxima não. De muito respeito. Sempre que ele precisou, eu o atendi. Sempre que eu precisei, eu o acionei e ele atendeu bem. Agora, respeito institucional. Na política partidária eu sou oposição ao governador. No ano que vem ele vai estar em um campo e eu em outro. Nós estaremos em campos opostos. Fazendo oposição dura como tem que ser na política. Sem coisinha, sem picuinha. Eu sou um ator político, um militante político, nesse momento em uma função pública de extrema importância. Agora no papel de militante, no palanque, eu vou fazer oposição a ele como sempre fiz.

Goiás já ocupou vários ministérios: Agricultura, Justiça, Saúde… Mas nos governos do PT jamais foi contemplado. Só no governo Dilma são quase 40 pastas de primeiro escalão. É um algum preconceito, faltam quadros, enfim, qual é realmente o problema?
Minas Gerais tem dois ministros. Há pouco tempo tinha apenas um. Minas está descredenciada, diminuída, apequenada? Não é essa a construção de um governo.

Mas não é uma referência?
Eu acho que nós temos uma outra crítica a fazer. Talvez a representação de Goiás nos ministérios seja resultado disso. E não do governo A ou B, que está no poder. Do que eu estou falando, da qualidade da política em Goiás: pequena, provinciana, mesquinha, não discute projeto. A grande política é um conceito perdido em Goiás. Nós precisamos requalificar a política em Goiás, discutir projeto, pois apequenar a política é sujar todo mundo na lama.

E temos como melhorar?
Tem que existir um esforço coletivo de não usar o vale tudo. O que apequena a política é a picuinha e o vale tudo. Eu acho que temos isso demais.

Alguém especificamente tem culpa nisso?
É um processo. O mau político é eleito pelas pessoas. E as pessoas estão ficando acostumadas com a má política. O eleitor vende o voto. Para o parlamento, uma grande parte das pessoas vende voto. O humor, o cheiro é esse. E aí depois temos vergonha dos nossos políticos.

Em 2006 o senhor disputou e perdeu a eleição para dep­utado estadual. O senhor enfrentou isso?

Eu vi coisas horrorosas naquela caminhada. De compra de voto, de compra de liderança. De vereador valer R$ 20 mil, prefeito valer R$ 100 mil, R$ 200 mil. Eu vi isso. Agora, tem como provar, não. Então não posso acusar.

Em 2006 e 2010 o PT optou pela coligação. Para 2014 existe a possibilidade de o 13 voltar a disputar o Palácio?
Existe a possibilidade.

Grande?
Boa. Porque para nós a questão de honra não é o PT ser cabeça de chapa ou não ser cabeça de chapa. Aí eu falo do militante partidário, do dirigente partidário. Para nós a questão é unificar um bloco PT e PMDB, se possível ampliar. É bom. Mas garantir que nós estejamos juntos para fazer o enfrentamento político e eleitoral no ano que vem. Para vencer.

Mas pode ter um nome do PT na cabeça de chapa?
Pode. Temos bons nomes. Temos o Gomide, temos o Paulo Garcia. Dois grandes prefeitos. O prefeito de Goiânia, o prefeito de Anápolis. Nós temos os deputados federais, nós temos Marina Sant’anna, Rubens Otoni. Nós temos o ex-prefeito Pedro Wilson. Mas eu vou ficar nos dois, Paulo Garcia e Gomide. São dois grandes nomes, podem vencer. Vamos construir com o PMDB, vamos construir com os aliados, o PCdoB, que é um aliado histórico importante do PT. O PDT esperamos que esteja com a gente.

E o senhor está enxergando isso no momento?
Nesse momento eu acho que a gente está em um primeiro passo tímido. Porque eu acho que alguns atores estão desprezando o ator político Marconi Perillo. E eu não faço isso.

Quais atores estão desprezando?
Não vou nominar para não criar confusão.

O PMDB está rachado?
Eu acho que não. Sabe porque que eu acho que não? Porque muita gente bate o pé de que os dois são candidatos e nenhum arreda. Eu não tenho conhecimento disso. Na conversa que eu tive com o ex-governador Iris Rezende, em nenhum momento ele falou “eu sou candidato” ou falou mal do outro. Eu fiquei três horas com o ex-governador Iris Rezende. Ele, um gentleman, contou muitas histórias interessantíssimas. Em momento nenhum falou “sou candidato”, em hora nenhuma falou mal do Júnior (Friboi), em hora nenhuma.

Para o senhor quem é o melhor nome?
Para mim o melhor nome? Agora você me pegou. Mas eu tenho uma simpatia pela tese do Paulo Garcia candidato a governador.

Por quê?
Porque é prefeito de Goiânia. Porque eu acredito que Goiânia vai ter um peso grande nessa eleição. Acho que o Gomide, com a popularidade que tem em Anápolis, vai ajudar muito, mas soma. Acho que a caixa de ressonância da Prefeitura de Goiânia vai ser muito importante. Você fala assim ‘Olavo, você está fazendo campanha para o Paulo Garcia?’ Não. Aliás, ele não me autoriza isso. Nós não conversamos sobre candidatura.

É uma preferência?
Eu estou dando a minha opinião. Na minha opinião acho que ele seria um grande candidato.

Competitivo?
Competitivo. Agora eu quero te falar uma coisa. Se alguém está pensando em derrotar o Iris, já perdeu. O Iris tem que estar no centro das eleições do ano que vem. Como candidato ou como não candidato ele tem que estar junto, construindo, sendo líder do processo.

Em 2014, Olavo Noleto vai disputar a Câmara dos Deputados?
Vamos por partes. O PT pretende ter a cabeça de chapa para o Governo do Estado ou, se não tiver a cabeça de chapa, muito provável que vá querer uma vaga no Senado. Porque o projeto nacional pede que a gente tenha mais senadores.

O senhor vai à deputado federal ou senador?
Eu, Olavo, não trabalho com a hipótese de chapa majoritária. E a decisão de ser candidato a deputado ou não é uma decisão que nós vamos ter que tomar um pouco mais para frente, por uma série de fatores internos, lá na Presidência.