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Para a Folha, dirigente do PROS confessa: “Gastei o que tinha na nova sigla”

Leia perfil do dono do PROS, publicado pela Folha de S. Paulo:

 

Gastei o que tinha na sigla, diz dono do Pros
BRENO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A PLANALTINA (GO)

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Dono de um campo de grama sintética, de uma van, de uma casa simples e de uma ideia fixa há dez anos: ser dono de um partido político.

Esse é o perfil resumido de Eurípedes Júnior, 38, criador e presidente nacional do Pros, a mais nova legenda do país e que já atrai nomes como o governador do Ceará, Cid Gomes, de saída do PSB.

O sonho de Júnior, como é conhecido em Planaltina, cidade com 82 mil habitantes a 60 km de Brasília, foi realizado semana passada. “Muitos riam dele. Diziam que não tinha capacidade para isso”, diz Regina das Chagas, secretária-geral da Câmara de Planaltina, presidida por Eurípedes de 2009 a 2010.

O sonho começou em 2003, segundo sua mulher, Sandra Caparrosa, 37, com quem é casado há 14 anos e tem uma filha. “Estou muito surpresa com tudo”, diz Sandra, sentada no bar e restaurante que mantém em Planaltina, o “Biroska”, a cerca de 500 metros da casa de muro sem acabamento onde vive com o marido, num bairro simples.

Buscou uma vaga de vereador em 2004, mas os pouco mais de 300 votos dos planaltinenses não foram suficientes. Mudou de tática: começou a doar bolas e outros acessórios esportivos para escolas locais, angariando simpatia da população e levando crianças para seu campo.

Com 810 votos em 2008, elegeu-se. Assim que assumiu, em 2009, virou o presidente da Câmara -hoje o Ministério Público cobra dele R$ 38 mil em salários pagos a mais para si mesmo e para os demais vereadores. Foi ali que achou a estrutura que precisava para criar a sigla.

No próprio gabinete, em meados de 2010, reuniu aliados, um advogado e pediu a assinatura de Regina das Chagas como secretária “emprestada”: estava fundado o Pros, com ata e tudo.

Faltavam as assinaturas de 500 mil brasileiros. Ele passou a viajar o país. Segundo Regina, ele chegava a passar semanas fora de Planaltina.
“Ele sempre disse que queria ter um partido. Mas tinha que ser o dono, o presidente mesmo”, diz Franciésio Nogueira, servidor da Câmara Municipal que o ajudou.

Ainda em 2010, tentou se eleger deputado estadual. Não conseguiu. Abandonou a Faculdade de Administração e passou a se dedicar somente à criação do partido.

Segundo Franciésio e Regina, com o apoio financeiro decisivo de “cinco empresários de São Paulo”. “Eles doaram cinco carros pro partido, e um deles estava prometendo R$ 100 mil em dinheiro pra ajudar”, disse Franciésio.

Mas Henrique Pinto, empresário da construção civil e agraciado com o título de presidente de honra do Pros, diz que a coleta de assinaturas foi bancada com recursos próprios. “Foi uma utopia, que nós fomos para cima com o coração e com a alma, na cara e na coragem”, disse.

Na reta final, o partido contou com o apoio do empresário José Batista Júnior -que pertence à família que controla o grupo JBS- e de alguns governistas, já que deve seguir ao lado de Dilma.

Quem resume o caráter de investimento privado que tem a mais nova legenda é o próprio Júnior: “Vendi o que eu tinha. Vendi para poder fazer o partido. O pouquinho que eu tinha foi embora”, afirma.

Colaboraram MÁRCIO FALCÃO e RANIER BRAGON, de Brasília

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