quinta-feira , 28 março 2024
GoiásImprensa

Olha só que camarada: em entrevista a O Popular, Caio levanta a bola e Samuel chuta para marcar gol

O jornal O Popular publica nesta quarta-feira manchete de primeira página e entrevista pra lá de camarada com o deputado Samuel Belchior, presidente estadual do PMDB, indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa no inquérito da Operação Miqueias, que apura desvios em fundos previdenciários municipais.

Em plena primeira página, O Popular já começa amenizando e informa que Samuel foi “apontado” como lobista de esquema desvio de recursos municipais. A bem da verdade, Samuel não foi “apontado”, mas sim indiciado pela Polícia Federal, que chegou a pedir a sua prisão temporária e o bloqueio dos seus bens.

“Apontado”? É mole.

A entrevista, em si, é uma moleza. Caio Salgado, o jornalista que entrevistou Samuel, já trabalhou como assessor de imprensa do deputado. Pergunta atrás de pergunta, ele, Caio, levanta a bola para o deputado chutar e marcar o gol.

As justificativas pueris que Samuel dá para as constrangedoras situações em que ele foi flagrado pela Polícia Federal não são questionadas por Caio Salgado, que aceita bovinamente as explicações que ele dá: foi tudo coincidência, mal conhecia Luciane Hoepers, se falou alguma coisa mais séria foi brincadeira, o almoço aconteceu porque todos se encontraram no restaurante Dom Francisco, em Brasília, por acaso, chamou de “chefa” também por brincadeira, disse também que “tou trabalhando bonito proceis” por brincadeira.

Os títulos que O Popular colocou é que são brincadeira. Na primeira página, “Samuel rompe o silêncio” – e daí? O importante é que ele deu agora justificativas que contrariam as alegações iniciais dele, Samuel. E, na página interna: “Fiz amizade, mas não participei de esquema”, outra bonomia de Caio para o ex-patrão Samuel Belchior.

Mais: o deputado nega que tenha havido negócios com a Prefeitura de Aparecida, por exemplo. Caio não faz a pergunta que deveria ter sido feita: como não houve, se a Polícia Federal apurou investimentos de R$ 9 milhões de reais do Aparecida Prev em fundos podres operados pela quadrilha?

Muito bom. Para Samuel Belchior.