terça-feira , 23 abril 2024
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Cezar Santos ironiza e trola Vanderlan: “Terceira via se consolida no 3º lugar”(rs)

Veja análise do jornalista Cezar Santos publicada no Jornal opção:

Terceira via consolida o terceiro lugar

Pesquisa mostra que o ex-prefeito Vanderlan Cardoso se firma definitivamente como o líder inconteste… depois do primeiro e do segundo

Nem é o caso de falar da deserção do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), es-canteado pela ex-senadora Marina Silva e pelo governador Eduardo Campos (PE) da composição regional com o PSB. Nem é o caso de falar que o PDT da deputada Flávia Moraes nunca se declarou incluída nessa terceira via — o partido se aproxima cada dia mais de uma aliança com Marconi Perillo. Mas a verdade é que a terceira via de Vanderlan Cardoso (PSB) está se desmilinguindo a olhos vistos.
É até lícito imaginar que nas hostes da terceira via haja motivo para comemorar que Vanderlan Cardoso tenha apresentado o maior crescimento na pesquisa Serpes, divulgada no final do mês passado. Na estimulada, Vander-lan, que no levantamento de julho teve 9%, ficou agora com 11,5%, ou seja, crescimento de 2,5 pontos porcentuais.

Para refrescar a memória e para comparar: Marconi Perillo (PSDB) passou de 25,7% em julho para 27,2% em outubro, mais 1,5%; Iris Rezende subiu 24,5% para 25,6%, ou 1,1% a mais; Ronaldo Caiado (DEM), de 6,5% para 7,2%, ou 0,7% a mais. Antônio Gomide (PT) caiu de 6% para 5,4%; Júnior Friboi despencou de 4,7% para 2,1%. O prefeito Paulo Garcia (PT) passou de 1,5% para 1,9%.

Então, seriam realmente motivo de comemoração para Vanderlan esses 2,5% de crescimento entre um e outro levantamento, visto que foi o maior entre os nomes colocados como pré-candidatos? Pode até ser, mas ocorre que a política, muitas vezes, tem parâmetros diferentes da estatística, da matemática, dos números, enfim. Matemática é ciência exata, política não.

Vanderlan, com seus 11,5%, está muito longe de Marconi e Iris. Menos da metade do que eles têm, na verdade. Sem partido forte, sem poder de aglutinação, com uma argumentação política incipiente, ele até pode ganhar índices melhores na pré-campanha, mas numa velocidade lenta. Quando chegar o momento da campanha propriamente dita, Vanderlan Cardoso vai partir do terceiro lugar.

Na pesquisa espontânea, que indica com mais propriedade o ânimo do eleitor em relação aos nomes colocados no jogo, Vanderlan está também na terceira colocação, com 4,7% das intenções de voto, em empate técnico com o peemedebista Iris Rezende, que tem partido, aliança, história e espaço para crescer. O líder Marconi Perillo está bem à frente, com 20,5%.

Pode-se considerar que a dianteira do tucano é natural, posto que é o nome mais destacado na mídia, pelo cargo que exerce.

Além disso, uma agenda positiva imposta pelo governo estadual na esteira de obras inauguradas e iniciadas configura um quadro de recuperação da imagem do tucano, desgastada no ano passado com o imbróglio da CPI no Congresso Nacional.
Mas fatos são fatos, números são números: Vanderlan Cardoso está consolidado em terceiro lugar. O problemão para o socialista é que só vão para ao segundo turno os dois primeiros colocados, se o líder não obtiver 50% mais um dos votos válidos. Dessa forma, o terceiro lugar não resolve nada e, a rigor, tanto faz ser terceiro como ser quarto ou quinto ou sexto.

E o maior complicador para Vanderlan e companhia é a falta de articulação do pré-candidato. Quando concorreu e ganhou a eleição em Senador Canedo, a cidade vinha de administrações desastrosas, em que a incompetência e a imprudência com a coisa pública eram a rotina, pra não dizer coisa pior, muito pior.  Vanderlan era a esperança, o nome novo, o empresário que tinha negócios na cidade. Ganhou e fez duas belas administrações, faça-se justiça.

Na disputa ao governo ele não é o novo. Pelo contrário, aliança com gente como Alcides Rodri­gues mostra que não há nada novo ali. A terceira via carece de base. E para piorar, Vanderlan Cardoso não diz ao eleitor nada mais que críticas ao governo, uma estratégia perigosa porque deixa a impressão de que ele não tem proposta, não tem um projeto alternativo melhor a apresentar.

Quando diz que, se eleito, vai “fazer gestão”, Vanderlan não está dizendo nada. Parece se embriagar pela sonoridade da palavra, que termina em “ão” e soa forte. Quando diz que tem um “plano de metas”, ou que tem uma equipe de técnicos estudando um projeto, mas não explica do que se trata, está claro que não tem nada disso. Para quem está em campanha desde o final da campanha anterior, em 2010 — quando ficou em terceiro lugar —, ele já deveria ter algo mais concreto para dizer ao eleitorado.

O ex-prefeito teria de ter no mínimo o esboço de um plano de governo, definidas duas ou três prioridades e explicitando como executá-las no caso de ser eleito. Nesse diapasão, Van­derlan e sua terceira via caminham céleres para mais um terceiro lugar.