quinta-feira , 25 abril 2024
Goiás

PMDB e PT despistam, mas crise entre os dois partidos é grave e preocupa caciques

Não dá mais parta esconder: PMDB e PT enfrentam uma grave crise de relacionamento e o barraco já chegou às páginas dos jornais. Na última segunda-feira, o principal jornal de Goiás, O Popular, abre grande espaço para escancarar o confronto entre peemedebistas, num jogo de intrigas, fofocas, recados, desconfianças e muita traição. A reportagem de Márcia Abreu mostra que o PMDB reage a articulações do PT com vistas a encabeçar chapa em 2014 e que esta movimentação desagrada os peemedebistas.

 

Leia a íntegra da reportagem:

Sucessão 2014

PMDB reage a articulações do PT

Afirmações de petistas de que partido pode encabeçar chapa em 2014 desagrada peemedebistas

Márcia Abreu

As investidas do PT em torno de candidatura própria ao governo do Estado em 2014 provocaram reação do PMDB. Fonte ligada ao prefeito Iris Rezende contou ao POPULAR que a ordem é ocupar posição. A demarcação de espaço teve início com a declaração do presidente goiano da legenda, Samuel Belchior, de que o deputado federal Rubens Otoni (PT) faz gestão para tirar filiados do PMDB, em referência a ida de Gugu Nader (PMDB), ex-vereador em Itumbiara, para a sigla de Otoni.

“O Samuel quis dizer aos especuladores de plantão e a quem quer que seja que o PMDB vai ser cabeça de chapa. Abrimos mão de lançar candidato em Goiânia e fomos os principais responsáveis pela vitória de Paulo Garcia. O PMDB é o partido de maior capilaridade no Estado, tem o maior líder de Goiás, quer queiram, quer não. A fala de Samuel foi para refrescar a memória dos petistas”, afirmou a fonte.

Samuel Belchior afirma que o PT tem legitimidade para pleitear a cabeça de chapa. Mas defende que as discussões não sejam isoladas. O peemedebista nega mal-estar com o partido aliado. “A relação está excelente. O que existe é a vontade dos adversários de provocar desentendimentos”, completa. O presidente lembra que as decisões referentes à sucessão acontecerão em 2014 e que passarão por Iris.

INDISPOSIÇÃO
A indisposição começou na comemoração de 33 anos do PT na semana passada, quando petistas organizaram festa com a presença do presidente nacional da sigla, Rui Falcão, e falaram abertamente que querem lançar candidato. Segundo uma fonte do PT, Rubens Otoni, que esteve na festa acompanhado do irmão Antônio Gomide, prefeito de Anápolis, deixou bem claro no dia que trabalha para concretização da candidatura de Gomide. “O evento do PT na Assembleia mostrou claramente que Otoni trabalha para Gomide ser governador”.

Nem mesmo Paulo Garcia descarta a possibilidade de disputar a campanha do ano que vem. Político próximo a ele confidenciou à reportagem que, embora não seja seu projeto – ao menos em 2014 – o prefeito acredita que a conjuntura pode levá-lo a ser a opção dos partidos aliados. Neste caso, não hesitaria em deixar o Paço.

A avaliação do grupo de Paulo é de que, no caso de recuo de Iris, o nome dele é o mais indicado. Para esses petistas, Iris não indicará o prefeito de Aparecida, Maguito Vilela, porque desconfia da proximidade dele com o governador Marconi Perillo (PSDB). O fato tornaria sua indicação improvável.

Iris já chegou a chamar a atenção do aliado. De forma amigável, manifestou a ele sua preocupação, inclusive cobrando posicionamento de adversário em relação a Marconi. “O comportamento de Maguito gera dúvidas”, garante um deputado do PMDB, completando, todavia, que o prefeito não tem interesse em governar Goiás novamente.

Outra questão que estimula o PT a brigar pela vaga é a pouca disposição de Iris de ser candidato. A campanha requer dedicação integral, o que é visto como empecilho. Aos 80 anos, o peemedebista preciso de muita saúde física para cumprir a incumbência. Contudo, sua participação é considerada. Embora tenha perdido as últimas duas campanhas estaduais, continua líder no PMDB e aglutina as legendas aliadas.

Os petistas acreditam que nomes como os de Samuel Belchior (PMDB) e Daniel Vilela (PMDB) não unem a oposição. Alguns creem que Gomide encontrará resistência pelo fato de ter um vice-prefeito petista. Se Paulo for candidato, analisam, o PMDB ganha a prefeitura que ficará com Agenor Mariano (PMDB). É mais vantajoso.

Com a conquista das duas principais prefeituras do Estado, o Palácio das Esmeraldas tornou-se alvo do PT. Não é consenso no partido de que o candidato a governador tenha de ser do PMDB. Muitos defendem o contrário e começam a se movimentar.

À reportagem, um petista disse que a única forma de o PT não brigar pela cabeça de chapa é se Iris for candidato ou se houver imposição nacional. Apesar de pouco provável, por ser o foco reeleger a presidente Dilma Rousseff (PT), se necessário o PT goiano pode ser sacrificado em nome da aliança nacional com o PMDB.