terça-feira , 19 novembro 2024
Opinião

Marcelo Caixeta, no DM: “PT quer anular classe média e passar por cima do Congresso rumo à ditadura DilmoPetista”

Leia artigo do médico Marcelo Caixeta, publicado neste sábado no Diário da Manhã:

Rumo à ditadura DilmoPetista: Como e por que ela , mais uma vez, passou por cima da classe média e rasgou lei votada democraticamente no Congresso.

Marcelo Caixeta

Um governo esquerdista como o nosso não pode colaborar com a sociedade civil e com a classe média, pois a alma do esquerdismo bolivariano-venezuelano que Dilma tenta copiar é jogar o “povão” contra as “elites”. Vou dar um exemplo prático para ilustrar o que eu chamo aqui de “povão” e de “elite”. Há alguns anos, o hospital filantrópico do que eu era diretor estava quebrando, justamente por causa de exigências descabidas do governo. Reuni todos os funcionários e mostrei duas alternativas : ou apertamos o cinto e lutamos, ou fechamos logo a espelunca e repartimos o que sobrasse entre todos. Eu, como “elite dirigente deste País”, escolhi lutar. Os funcionários, o “povão”, escolheu fechar a casa e repartir os despojos. Lutei sozinho e o hospital continuou de pé. Pois bem, esta é a diferença entre um “empresário”, “elite”, alguém que resolveu trabalhar, lutar, estudar a situação e melhorar, e um “dominado”, um que prefere ficar “de boa”, sem preocupação, e viver de Bolsa-Família e Seguro-Desemprego. É para este “povão” revoltado com as “elites” que os esquerdistas jogam e, para isto, Dilma tem de anular a classe média e o Congresso ( o “representante das elites” ). Grande parte da classe média foi “anulada” no Brasil ( leia-se “calada”) ao virar funcionária pública. A outra parte está sendo massacrada por impostos ( pois é ela que sustenta as “bolsas” e os “funcionários públicos”) e silenciada à força, assim como o Congresso. Revoltada, esta parcela esmagada da classe média foi às ruas, mas Dilma “transformou” as demandas dela e disse que “a classe média manifestou-se ( só ) contra os políticos”, isentando-se, enquanto governo, de qualquer culpa. Jogando a culpa plena no Congresso, Dilma tem tentado anulá-lo de três maneiras : 1) Aproveitou a insatisfação da classe média com os políticos corruptos que não a representam adequadamente e fez a “jogadinha suja” de tentar ver se implanta a ideia de que o melhor é ter um povão que “governa sem Congresso”, liderado apenas pelos guias espirituais do povo, “tipo” ela e Lula. 2) Então, para “eliminar” o Congresso representativo, Dilma quer passar um plebiscito onde se aprove o financiamento público de campanha. É uma tentativa de “anulação das elites” pois são as “elites” que financiam grande parte das campanhas políticas. Sem as “elites” representadas, teríamos um Congresso “só do povo”, ou seja, um Congresso que vai tomar o tipo de decisão que os funcionários do hospital tomaram na época: “Melhor todo mundo igual, mesmo que todo mundo pobre, desde que não haja “elites”.

Na área da saúde, a aplicação deste “princípio esquerdista anti-elites”, movido a um funcionalismo público sem formação e motivação adequadas , tem-se mostrado desastroso, tanto é que é a área mais mal-avaliada do governo. Ao invés de unir-se à sociedade civil, à classe média produtiva, para fazer um serviço que ele, governo, não dá conta (assistência médico-hospitalar no interior do país, que existiria se fosse adequadamente subvencionada), transformou o SUS num cabide-de-empregos, que hoje expulsa o médico por absoluta falta de condições de trabalho ( o dinheiro do sistema é gasto basicamente com o “pagamento do silêncio e apoio político” desta classe média que virou funcionária pública , e da qual, por motivos políticos, o médico, “representante da elite”, tem sido alijado ) . O governo, “grato” a estes profissionais “fiéis ao governismo”, une-se a eles contra o médico, hoje estrategicamente “eleito” (como um membro da classe média, um membro das “elites”), como sendo o culpado pelo sistema não funcionar. Com cada vez menos médicos, e médicos cada vez menos eficientes, menos compromissados, o SUS transforma-se em um caos cada vez maior e, para solucionar esta carência, Dilma e Padilha (ministro da saúde), além de botarem a culpa no médico, como “prêmio de fidelidade” resolveram transformar os não-médicos do sistema público (e , consequentemente, também os de fora do sistema) em médicos, e trazer profissionais estrangeiros para o SUS (a maioria cubanos que não terão diplomas médicos validados no Brasil). Para transformar esses profissionais não-médicos em uma espécie de “médicos formados por decreto” para atender pobres no SUS, ou seja, “falsos médicos”, Dilma passou por cima de uma lei, a Lei de Regulamentação da Medicina, que, tramitando e sendo extensamente debatida há 12 anos, já havia sido aprovada em 27 comissões no Congresso, assim como na plenária do Senado e da Câmara. Pois bem, Dilma rasgou este trabalho do Congresso e decretou ditatorialmente que, segundo ela e Padilha, qualquer um pode dar diagnósticos e prescrições médicas, não precisa estudar e praticar nada de Medicina para isto. Com isto teria muitos “médicos de segunda classe” ( “falsos médicos” ) atendendo “pessoas de segunda classe” (os pobres do SUS). Criou com isto a inusitada figura de um País que aboliu a profissão de médico e o conceito de Medicina, e, de quebra, submeteu a população à graves riscos de saúde – e mesmo de morte – ao ser atendida por profissionais que ela julga serem médicos mas não são. Tudo para “salvar” um sistema, o SUS, que, como tudo no governo, jamais funcionará sem a parceria com a classe média e com a sociedade civil. Mas o petismo quer tentar implantar a “venezuelanização” e a “cubanização” esquerdista do Brasil. Para isto precisa anular parcelas da classe média – aquela que ainda não foi comprada com empregos públicos – e passar por cima do Congresso (o tal “representante das elites”). E é isto que está conseguindo.

(Marcelo Caixeta, ex-coordenador – Saúde Mental do Estado de Goiás)

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