Em texto intitulado “Ação orquestrada”, publicado nesta quinta-feira, no jornal O Popular, a bem informada jornalista Dora Kramer revela que os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos desenvolvem ação conjunta no jogo da sucessão.
Ela cita movimentos em Minas Gerais e formação de chapa única entre PSB e PSDB em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Pernambuco.
A articulação pode ter reflexo também em Goiás, onde Vanderlan Cardoso, por enquanto, é o candidato a governador do grupo do governador do Pernambuco.
Campos e Marconi andam conversando e o neto de Arraes será homenageado amanhã na cidade de Goiás, durante a instalação do governo na antiga capital.
Pode ser que esteja nascendo uma nova aliança, influenciada pela corrida sucessória nacional.
Veja o artigo de Dora Kramer:
Coisas da Política
25/07/2013
Ação orquestrada
Um movimento de natureza regional, com alcance nacional. Assim pode ser definida a troca de comando do PSB em Minas Gerais, com a saída de Walfrido dos Mares Guia e a escolha do deputado Júlio Delgado para a presidência.
É o primeiro indicativo nítido a olho nu de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, será mesmo candidato a presidente em 2014. “Mostra o jogo sendo jogado”, diz um aliado de Campos.
A substituição de Mares Guia – foi ministro de Luiz Inácio da Silva, é amigo do PT e defende apoio do PSB à reeleição de Dilma Rousseff – por Delgado, que teve no senador Aécio Neves um empenhado cabo eleitoral quando se candidatou à presidência da Câmara contra Henrique Alves, pode ser vista também como parte de uma ação conjunta de Campos e Aécio, no jogo da sucessão.
O projeto, ainda em fase de esboço, é formar palanques comuns em vários Estados e, se possível, firmar um acordo de apoio recíproco no segundo turno da eleição presidencial. Se o pernambucano for finalista, o candidato do PSDB o apoia e vice-versa, caso Aécio passe para a segunda etapa.
Uma das possibilidades de aliança regional é justamente em Minas, onde se trabalha com a ideia de formação de chapa única entre os dois partidos, um com a candidatura a governador outro na vice. Em São Paulo encaminha-se acordo semelhante para a disputa pela reeleição de Geraldo Alckmin, bem como no Paraná e em Pernambuco.
Entre os Estados de maior densidade eleitoral, o Rio de Janeiro é um problema para os dois partidos devido à falta de nomes viáveis. O PSDB faz tentativas com Fernando Gabeira que, no entanto, prefere atuar na política apenas como jornalista. O PSB aguardava a saída do senador Lindbergh Farias do PT se a direção nacional o obrigasse a desistir de concorrer, mas, com o declínio do governador Sérgio Cabral, a candidatura petista se fortaleceu.
A hipótese de o governador de Pernambuco ser candidato a vice de Lula se for ele o candidato do PT em 2014 é considerada fora de cogitação. Por vários motivos, sendo o primeiro deles a posição de Eduardo Campos que a cada dia renova a validade de frase dita meses atrás: “Não tenho temperamento para vice”.
Em segundo lugar, o PSB não quer ser plano B de ninguém. Em terceiro, avalia que não há chance de o ex-presidente se dispor a disputar a eleição no caso de Dilma não recuperar a popularidade, porque não teria como se dissociar do fracasso.
Além disso, na interpretação do partido, Lula perdeu a oportunidade de “segurar” Eduardo Campos quando não quis apoiar a candidatura do PSB à presidência da Câmara como forma de impedir o PMDB de tomar conta do comando do Congresso.