O que há por trás do ‘corporativismo’ criminoso praticado descaradamente em setores dos judiciário brasileiro? Porque alguns promotores de Justiça, juízes e procuradores se acham melhores do que as outras pessoas? Quem vai barrar as atrocidades cometidas e encobertadas por alguns servidores da lei, que mancham os honrados tribunais?
Perguntas sugestivas que tiveram respostas em uma denúncia que se transformou na reportagem investigativa do site Metrópoles. Servidores quebraram o silêncio e mostraram a rotina de assédio.
O texto começa mostrando o caso de um analista jurídico de 48 anos, que abandonou a sua mesa de trabalho e se atirou do 13º andar no dia 29 de junho de 2022. Menos de um ano depois, contudo, outros dois servidores se mataram. “Ambos os casos ocorreram em um intervalo inferior a 24 horas, entre os dias 10 e 11 de maio deste ano. Os servidores eram um diretor de engenharia que estava afastado do trabalho com diagnóstico de depressão e um motorista que tirou a própria vida durante o expediente, dentro de uma caminhonete do Ministério Público”.
A reportagem mostra relatos uma rotina de intimidação, xingamentos, ameaças, sobrecarga de trabalho, desvio de função, falta de acolhimento a quem procura ajuda, omissão dos superiores e punição aos denunciantes. Por medo de represálias, a maioria dos entrevistados pediu para não ser identificada.
“Aqui eles tratam a gente feito bandido, parece que eu fiz alguma coisa muito grave”, disse um servidora que teve seus direitos atropelados por uma promotora de justiça. “Eu queria deixar uma mensagem assim: já que vocês estão roubando minha alma, agora que fiquem com a minha carcaça”. Quando soube do suicídio do analista, em junho passado, ela diz que o sentimento foi de identificação. “Ele concretizou o que eu tanto estudei fazer.”
“Em 17 anos de Ministério Público, nunca recebi ameaça de criminoso, mas recebi ameaça de promotor”, desabafou outra pessoa.
A reportagem especial é imperdível e lança luz em um canto obscuro do judiciário brasileiro que precisa ser discutido. Principalmente no que diz respeito ao corporativismo judicial tanto praticado nos tribunais.