segunda-feira , 23 dezembro 2024
Opinião

(Opinião) Ruy Nogueira: A vida de José Wilson Siqueira Campos é invejável

Fugido da pobreza no interior do Ceará, pouco mais que um menino perambulou em busca de melhor sorte por esse Brasil de meu Deus. Afundou suas âncoras em Goiás onde foi deputado por muitos mandatos, pela ARENA e pelo PDS, defendendo o regime militar. Lançou a ideia de dividir o Estado ao meio, criando uma nova unidade federada, a do Tocantins.

Com a fúria de um gladiador enfrentou os oponentes, ameaçou e foi ameaçado, fez greve de fome, amealhou simpatizantes e inimigos – os quais o respeitavam, todavia, pela absurda coragem de Siqueira e seu notório bom caráter. Criou o Tocantins na Constituinte, foi seu pai e primeiro governador, chorou de emoção e iniciou uma terra sofrida mas rica, de promissão e futuro.

Homem de palavra, coração generoso, valentia absurda, preocupação permanente com os necessitados – uma figuraça! Não houve uma viagem minha ao exterior que não lhe avisasse de ante-mão: “Gordo, estou te mandando os dólares. Traga vitaminas de A a Z!” E dávamos gargalhadas.

Aos 94 anos lá se foi meu bom e obstinado amigo, adversário ideológico que me transformou em contrabandista de vitaminas para sua conhecida hipocondria. Office-boy no gabinete do senador Luiz Carlos Prestes no Palácio Monroe, Siqueirão erigiu um monumento à Coluna Prestes no coração do “seu” Estado. E na sua presença ninguém falava mal do “Cavaleiro da Esperança” sem que ele o defendesse radicalmente – ele, Siqueira, um homem de direita. Na ausência física em sua despedida, receba a reafirmação do respeito que só devoto aos grandes homens. E você foi um deles, querido Amigo.

Ruy Nogueira
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