terça-feira , 5 novembro 2024
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CCJ do Senado aprova projeto do Marco Temporal de terras indígenas que o STF já decidiu ser anticonstitucional

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza reunião com 13 itens. Destaque para o PL 2.903/2023, que estabelece a data da promulgação da Constituição Federal como marco temporal para a regularização de terras indígenas Em foco, à bancada, deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) exibe cartaz: "Não derrube árvores, derrube o PL 2.903/2023". Mesa: senador Laércio Oliveira (PP-SE); presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União-AP); deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE); vice-presidente da CCJ e relator do PL 2.903/2023, senador Marcos Rogério (PL-RO). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Nesta quarta-feira (27), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou o projeto de lei que institui o Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas. O projeto, de autoria da Câmara dos Deputados e identificado como PL nº 2.903/2023, recebeu 16 votos favoráveis e 10 contrários na CCJ. Agora, o texto segue para análise e votação no plenário do Senado.

O relator do projeto na CCJ, senador Marcos Rogério (PL-RO), na leitura de seu parecer, confirmou a posição da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), que apoiou o Marco Temporal, fixando como parâmetro para determinar a existência de ocupação indígena a data da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.

O Marco Temporal, estabelece que somente as terras indígenas ocupadas até a data da promulgação da Constituição Federal podem ser demarcadas. Nele para que uma área seja considerada “terra indígena tradicionalmente ocupada”, será necessário comprovar que, em 5 de outubro de 1988, ela estava sendo habitada pela comunidade indígena de forma permanente e utilizada para atividades produtivas. Críticos do projeto e líderes de comunidades indígenas consideram-no inconstitucional, argumentando que os direitos indígenas são considerados direitos originários, ou seja, existem desde antes da formação do Estado.

A aprovação do Marco Temporal pelo Senado vai na contramão de uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Na última quinta-feira (21), os ministros derrubaram a tese jurídica que restringia os direitos dos povos indígenas apenas às terras que ocupavam ou reivindicavam até a data de promulgação da Constituição Federal. A votação no STF resultou em 9 votos a favor e 2 contra essa tese.

Além disso, nesta quarta-feira, o STF também irá decidir como aplicar as regras de demarcação de terras indígenas, incluindo questões como pagamento de indenizações, responsabilidade do poder público e a ampliação de áreas indígenas.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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