Que o sangue ditatorial corre nas veias do governador Ronaldo Caiado, não é segredo para ninguém, afinal, o passado nebuloso de sua família não foi encoberto pelo tempo. Em Goiás, coronelismo sempre foi e ainda é sinônimo de caiadismo, mesmo que nos últimos anos tais práticas tenham sido disfarçadas ou maquiadas pelo que chamam de “firmeza” do ex-deputado, senador e atual governador.
Com uma administração inexpressiva e literalmente mascarada pela Covid-19 em seu primeiro mandato, Ronaldo Caiado conseguiu surpreender o cenário político de Goiás com uma articulação bem azeitada (sabe se lá se com azeite frio ou fervendo) que lhe facilitou a reeleição. Agora, para surpresa, somente de quem não conhece as artimanhas do chefe político do Estado, o próprio quer gastar quase dois bilhões e meio na construção do Hospital Cora, sem licitação, usando métodos pra lá de nebulosos, passando por cima da lei, da moralidade e da ética administrativa. Ah, e se alguém ousa contestar essa iniciativa absurda, ele dispara sua grosseira verborragia, dizendo que não passam de oposicionistas contra a construção do hospital, tão importante e necessário.
Ora, senhor coronel-governador, ou governador-coronel, um moderno hospital oncológico em Goiás será muito bem vindo, desde que essa “modernidade” da obra não venha embrulhada no fétido couro do atraso tão comum nas suas ações coronelistas. Só para lembrá-lo, graças a governos que antecederam ao seu, Goiás se encontra bem posicionado no século XXI, não nas terríveis décadas de 1920 e 1930, quando seus antepassados se julgavam donos de Estado.
Carlos Antônio da Nóbrega
Publicitário, especialista em políticas públicas e gestão governamental