A família de Fábio Escobar, ex-coordenador da campanha eleitoral de Caiado em Anápolis em 2018, morto por policiais milicianos em uma emboscada em 2021 após denunciar caixa 2 na campanha eleitoral e corrupção no governo, quer saber se ele também foi rastreado e grampeado pelos equipamentos israelenses adquiridos por Caiado um ano antes de sua morte.
Escobar enviou uma mensagem de WhatsApp para a esposa dizendo que “Caiado tinha perdido a paciência” e que estaria apenas esperando um ‘deslize dele’. Ele também mandou uma mensagem para o telefone de Caiado dizendo que pela primeira vez estava com medo, que queria cuidar de sua família. Depois escreveu: “diz isso para o Jorge Caiado” [primo do governador].
A família acredita que o telefone de Fábio foi grampeado, pois para atraí-lo para a cena do crime, os assassinos sabiam de informações detalhadas sobre a intenção de Escobar em comprar equipamentos de uma lavanderia industrial. “Eles detalharam, como se fossem mesmo do ramo”, diz José Escobar, pai de Fábio. É aí que entra o pedido para ver se o grampo partiu dos aparelhos adquiridos por Caiado.
Em 2020 o governo (UB) torrou R$ 7,6 milhões de reais dos cofres públicos em um equipamento israelense próprio para acompanhar a movimentação de uma pessoa que esteja usando um telefone celular, o First Mile. No pacote foram inclusos 10 mil rastreamento de aparelhos. Além do First Mile, o contrato prevê o acesso a uma ferramenta denominada “Vigia Elite Advanced Version”. Os dois programas estão inseridos numa atividade genérica de “solução de interceptação telefônica e telemática”.
Segundo uma fonte na Secretária de Segurança Pública ainda existe outro programa de espionagem ilegal no governo, o Pegasus, usado para grampear smartphones.