Homens eternos também morrem
• Mario Vargas Llosa, um dos maiores escritores da literatura latino-americana, construiu uma obra vasta e profundamente influente, marcada pela complexidade humana e crítica social. Li e reli tudo de Llosa. Perdemos um sujeito eterno!
• Entre seus livros mais emblemáticos está A Guerra do Fim do Mundo (1981), um épico histórico inspirado na Guerra de Canudos, no Brasil. Vargas Llosa mergulha nesse conflito do século XIX para explorar temas como fanatismo religioso, miséria e resistência popular, compondo um romance monumental que combina rigor documental e imaginação literária.
Festa do Bode
• Outro destaque de sua carreira é A Festa do Bode (2000), um retrato implacável da ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana. Com uma narrativa entrelaçada em múltiplas perspectivas, o autor reconstrói os últimos dias do regime brutal e investiga os efeitos devastadores do poder absoluto sobre a sociedade e o indivíduo. A obra é considerada uma das melhores análises literárias da tirania e reafirma a habilidade de Vargas Llosa em dar vida aos labirintos da política e da moral.
• Impossível não se interessar por Urania Cabral, a misteriosa mulher que retorna à República Dominicana décadas após fugir do país. Ela carrega profundas cicatrizes emocionais causadas pelos abusos do regime de Trujillo. Sua história pessoal entrelaça-se com a queda da ditadura, simbolizando o trauma e a memória coletiva.
Queria ter um amor como Tia Julia. Sou apenas Camacho!
• Em contraste com esses romances densos e trágicos, Tia Júlia e o Escrevinhador (1977) revela o lado mais leve e humorístico do autor. Inspirado em sua própria juventude em Lima, o livro mistura memórias e ficção para contar a história de um jovem aspirante a escritor que se apaixona por sua tia por afinidade. Ao lado da trama romântica, Vargas Llosa retrata o mundo excêntrico das radionovelas, por meio do hilariante e prolífico escriba de novelas para rádios, Pedro Camacho, criando uma narrativa que celebra a imaginação e o absurdo.
Bravo, Llosa!
• Esses três romances — A Guerra do Fim do Mundo, A Festa do Bode e Tia Júlia e o Escrevinhador — exemplificam a diversidade e a força da literatura de Mario Vargas Llosa. Seja narrando guerras esquecidas, desnudando regimes autoritários ou evocando as paixões e loucuras da juventude, o autor sempre ofereceu uma escrita vibrante, profundamente humana e comprometida com a verdade literária. Sua morte marca o fim de uma era, mas seu legado permanece eterno nas páginas que continuam a inspirar leitores em todo o mundo.
Cristiano Silva
Fã de Mário Vargas Llosa
