Diz o ditado popular que vingança é um prato que se come frio.
Os acontecimentos recentes da política goiana caminham para confirmar a tese. Barbosa Neto (PSB), ex-deputado federal, tem a faca e o queijo na mão para se vingar do velho cacique Iris Rezende, que forçou a sua desfiliação do PMDB há dez anos e praticamente sepultou a sua carreira política.
Hoje decadente, Barbosa já foi um dos políticos mais promissores de Goiás. Foi o deputado federal eleito mais jovem da história do Estado, além de vice-presidente da Câmara dos Deputados. Todos apostavam que seria governador um dia. Mas esbarrou, como tantos outros, na cortina de ferro erguida por Iris.
Estrangulado dentro de seu próprio partido, Barbosa tentou trilhar um novo caminho no PSB e projetou a construção de uma terceira via, com o mote “pensar grande”. O ex-deputado disputou o governo do Estado pelo que chamava de terceira via, mas ao contrário de sua ambição, a quantidade de votos que recebeu não foi tão grande assim.
O fracasso de 2006 impôs ao deputado o sepultamento de sua carreira política. Jamais teve coragem de disputar cargos eletivos outra vez. Pensava-se que estivesse longe dos bastidores, quando foi resgatado por um empresário que só entende de boi e que, mesmo assim, se considera apto a governar Goiás: Júnior Friboi.
Friboi reconhece sua incapacidade de levar a cabo articulações políticas, e por isso convocou Barbosa – raposa da política goiana. A primeira missão outorgada ao ex-deputado foi pavimentar a sua candidatura ao governo em 2014 pelo PMDB.
Barbosa foi vice-presidente da Câmara dos Deputados na época em que o presidente era Aécio Neves (PSDB), e em Brasília conheceu Michel Temer. Bastou reativar os laços de amizade com o atual vice-presidente da República para que a conversa se estabelecesse em termos favoráveis.
Ele conduziu a negociação com Temer e o senador Valdir Raupp com a discrição de sempre, mas hoje já se sabe que teve papel fundamental na articulação. O ex-deputado manteve-se calado também porque sabe-se que boa parte do PMDB tem resistência ao seu nome, pela forma como se desfiliou do partido há mais de dez anos.
Barbosa encara a filiação Friboi e a imposição de sua candidatura ao governo “de cima para baixo” como a vingança tardia contra o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), que o tolheu de tal forma no PMDB que forçou a sua desfiliação. O ex-deputado é uma das vítimas do centralismo de Iris, a exemplo de Nion Albernaz e Sandro Mabel.
Taí a comprovação: vingança é um prato que se come frio.
Barbosa Neto voltou.