Leia o artigo, publicado no O Popular deste domingo, em que a editora-chefe do jornal aponta que o quadro sucessório de Goiás está incerto, ao contrário do cenário nacional:
Cenário incerto
O quadro da sucessão presidencial já tem forma bem definida. A presidente Dilma Rousseff costura sua segunda candidatura paralelamente às articulações do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Por fora corre Marina Silva, tentando viabilizar seu novo partido, a Rede e, consequentemente, sua candidatura.
Em Goiás, diferentemente, o quadro eleitoral ainda não ganhou forma. O mais concreto que se tinha eram a quarta candidatura do governador Marconi Perillo e a aposta, de dez em cada dez políticos, de nova candidatura de Iris Rezende ao governo. As articulações do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) com Eduardo Campos na semana passada adicionaram novos elementos a este cenário.
O empresário José Batista Júnior levantou-se de sua cadeira no PSB, onde havia chegado com as bênçãos do governador de Pernambuco, para se sentar na do PMDB, agora abençoado pelo vice-presidente da República Michel Temer, e ser candidato a governador.
A articulação ganhou simpatia de deputados do PMDB goiano de olho no potencial financeiro de Júnior. O PT assistiu a tudo em silêncio, demonstrando simpatia a essa possível candidatura, sem, contudo, arregaçar as mangas em sua defesa.
A única reação veio de Iris Rezende e paralisou o empresário no meio do movimento entre uma cadeira e outra. Foi aí que Caiado e seu grupo deram o bote. Acertaram com Eduardo Campos para Vaderlan Cardoso ocupar a cadeira que Júnior ainda nem havia devolvido, deixando-o sem ter como voltar e com dificuldade para alcançar a do PMDB.
A rigor o novo grupo que Caiado e seus aliados articulam não chega a ser novidade na política goiana. O próprio deputado já organizou duas chapas alternativas às candidaturas governista e oposicionista, uma em 1994, quando disputou o governo com Maguito Vilela (PMDB) e Lúcia Vânia, esta na época no PP, e outra em 2006, quando avalizou a candidatura de Demóstenes Torres a governador contra o mesmo Maguito e Alcides Rodrigues (PP). Em 2010, foi a vez de Vanderlan, com Caiado no grupo governista, puxar a chapa alternativa aos dois polos principais.
Apesar disso, essa articulação coloca mais jogadores no insosso cenário eleitoral, até então ocupado apenas pelos grupos peemedebista e governista. Expõe também a atual fragilidade política de Júnior. Pego no contrapé, ele precisará provar que tem mais do que estrutura financeira para viabilizar sua candidatura e terá não apenas de domar Iris, como provar que tem discurso político, empatia com o eleitor e habilidade com o jogo político-eleitoral.
Tudo isso no mesmo tempo em que Marconi tenta mostrar à população a que veio seu terceiro governo. E na espreita continuarão Iris e seu indefinido projeto eleitoral e o PT que finge que concorda com tudo, mas que espera para comprar seu ingresso para 2014.