Aos poucos, vai se esclarecendo o que há por trás da aparentemente súbita e inesperada fala do governador Marconi Perillo na convenção nacional do PSDB, chamando o ex-presidente Lula de “canalha”.
Já se sabe que foi um movimento calculado de Marconi. Agora, o que se pode deduzir – já que o governador goiano chegou à convenção ao lado de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso – é que a coreografia foi combinada.
O que ninguém sabe ainda é que Marconi será um dos coordenadores nacionais da campanha de Aécio. Mas, para isso, ele precisava se livrar de uma limitação: para garantir a governabilidade do Estado, ele apanhou calado e aguentou sem reclamar as maquinações de Lula contra a sua pessoa.
Agora, tudo mudou. Lula está por baixo, envolvido em escândalos até pessoais (como o caso Rose) e está sendo obrigado a ceder o centro do palco para a sua criatura, Dilma. E a presidente tem sido extremamente positiva com o governo de Goiás.
Marconi, com um dos ataques mais pesados que o ex-presidente já sofreu, limpou a área. Ele precisava dar um sinal de que estava livre de embaraços. Foi por isso que FHC, falando depois do governador goiano, fez elogios rasgados e enalteceu o discurso em que Lula foi lembrado como “canalha”.
FHC fez tanta questão de expressar sua simpatia que se declarou “um pouco goiano também, meus avós eram”, assinalou.
Não acreditem em impulso, simples rompante ou desabafo. Foi manobra ensaiada, no carro, a caminho da convenção, com FHC e Aécio.