Segundo informações prestadas pela Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo ao jornal O Popular, neste sábado, “o custo estimado para a implantação do programa Ganha Tempo é equivalente à economia que será feita com a desoneração dos impostos PIS e Cofins na tarifa do ônibus”.
Muito além da informação objetiva, essa “avaliação” da CMTC deixa claro que o tal Ganha Tempo não passa de manobra criada pelas empresas e vergonhosamente assumida como iniciativa sua pelo prefeito Paulo Garcia (PT), cujo objetivo final é deixar nos cofres das empresas a desoneração fiscal baixada pelo Governo Federal, que livrou os empresários do transporte coletivo do pagamento do PIS e Cofins.
Os sinais vêm sendo emitidos aos poucos. O presidente da CMTC, Ubirajara Abud, já declarou – e O Popular publicou – que a desoneração fiscal foi baixada depois do aumento da tarifa para R$ 3 reais “e, portanto, não há que falar em reduzir a passagem por esse motivo”.
Os cálculos da CMTC são altamente suspeitos. Geralmente, se baseiam em informações não auditadas, prestadas pelas próprias empresas – e o interesse delas é faturar, faturar, faturar.
O Procon já demonstrou inúmeras inconsistências nessas informações. Foi à Justiça e ganhou a liminar que suspendeu o reajuste, porque o juiz entendeu que há, sim, detalhes muito mal explicados nas planilhas das empresas.
Agora, o principal: 800 mil pessoas usam o transporte coletivo da Grande Goiânia todos os dias. O Ganha Tempo, segundo as próprias empresas, representa um suposto benefício para apenas 0,1% do total de passageiros – esse é o percentual de usuários do sistema que faz três viagens no intervalo de duas horas e meia, conforme declaração do vice-presidente do Setransp, Décio Caetano, a O Popular.
Sabe quanto dá 0,1% de 800 mil passageiros?
800 passageiros.
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