O Washington Post anunciou, no fim da semana passada, o fim do cargo de ombudsman. O lugar do posto que trazia a independência necessária para criticar a atuação do jornal e responder às queixas dos leitores será ocupado por um “representante do leitor”. Trata-se de um funcionário que servirá de ponte entre o Post e os leitores, respondendo a questões e reclamações. Este funcionário, por sua vez, reportará a Fred Hiatt, o editor da página editorial do jornal, e também poderá ter um blog. A tradicional coluna dominical do ombudsman, no entanto, será extinta.
O Post manteve o cargo de ombudsman por 43 anos. Todos os seus ocupantes trabalharam sob um contrato que garantia a independência de suas críticas e opiniões – sem medo de demissão por desagradar a redação. O último ombudsman, Patrick Pexton, ocupou o cargo por dois anos. Seu contrato venceu na semana passada.
Novos tempos
Em um texto publicado no site do Post, a publisher do jornal, Katharine Weymouth, afirmou que as funções do ombudsman continuam relevantes, mas que é preciso modernizar a maneira como são conduzidas. Ela garantiu que o fim do cargo não irá comprometer a qualidade do trabalho dos repórteres, que são cobrados por precisão não apenas dentro do jornal, mas também por fontes externas, como críticos de mídia e os próprios leitores.
Em uma coluna recente, Pexton sugeriu que o Post cortaria o cargo para economizar dinheiro, mas Hiatt negou a motivação. “Para mim, começa e termina com o fato de que o mundo midiático mudou”, disse. “Temos que nos perguntar: ter um ombudsman sob um contrato de dois anos escrevendo uma coluna semanal serve ao propósito de responder às queixas e questões dos leitores? A responsabilidade é importante, também. O jornal tem que estar disposto a explicar o que faz e como faz aos seus leitores”. Ele informou que o primeiro “representante do leitor” será escolhido entre os funcionários do jornal, e será um cargo em período integral.