O prefeito Paulo Garcia (PT) não acorda, fica sem agir e os problemas da Saúde em Goiânia continuam se avolumando, ocupando quase todos os dias as manchetes de capa do jornal O Popular e grandes espaços nos telejornais.
Nesta quinta-feira, o Popular estampa na capa a reportagem “Saga em busca de atendimento”, com uma grande foto de uma paciente que teve de caminhar muito para conseguir assistência médica de emergência para a filha de nove anos.
É mais um absurdo que o prefeito de Goiânia deixa acontecer sem tomar providências alguma.
Até quando, Paulo Garcia?
Leia a reportagem completa:
Cais
Saga em busca de atendimento
Usuários do Sistema Único de Saúde relatam peregrinação por unidades da Prefeitura para serem atendidos
Janda Nayara 18 de julho de 2013 (quinta-feira)
A autônoma Elivânia Pereira Nascimento, 27, saiu do setor Orlando de Morais na tarde de ontem para buscar atendimento de urgência para filha, Evilynn Cristina Alves do Nascimentos, de 9 anos, no Centro de Atenção Integrada à Saúde (CAIS) do Setor Urias Magalhães, mas teve que andar mais que o esperado, já que a unidade não possuía nenhum pediatra para fazer o atendimento. A menina é alérgica e com a picada de uma abelha, começou a apresentar inchaço no pé e na perna. Após a primeira resposta negativa, Elivânia seguiu com a criança e a outra filha, Ana Sophia, de apenas 2 meses, para o CAIS de Campinas, onde enfim conseguiu o atendimento.
Poderia ser uma situação esporádica, mas Elivânia, que tem quatro filhos, diz que já acostumou. “É ruim, mas não tenho opção. Não é primeira vez que tenho que andar atrás de vários locais e sei que não será a última, infelizmente.”
Basta visitar alguns CAIS ou CIAMS da capital para perceber que a “saga” dos pacientes atrás de atendimento médico é considerada comum. Não é de hoje que o serviço médico emergencial da cidade apresenta sinais de esgotamento, como já foi publicado em diversas reportagens do POPULAR.
No CAIS de Campinas, faltavam dois dos três clínicos gerais e apenas casos de urgência e emergência, o que se pode entender como riscos de complicações e morte, eram atendidos. O restante era encaminhado para outra unidade com mais médicos disponíveis, ou orientados após a triagem, feita por uma enfermeira, a procurarem Centros de Saúde (postinhos) ou Centros de Saúde da Família.
O CAIS com mais médicos, segundo a diretoria da unidade de Campinas, era a do Setor Cândida de Morais, que possuía dois clínicos gerais e um pediatra e estava com a sala de espera cheia. Uma das pessoas que aguardavam atendimento era a encarregada de acabamento Marilda Florentina Dutra, de 38 anos, que apresentando febre e muita dor no corpo e aguardava ser atendida por um médico, após ter sido orientada no CAIS do Bairro Goiá, a procurar outra unidade. “Já estou sem forças e ainda gasto a restante correndo atrás ou esperando atendimento. Só vou ser atendida aqui porque a enfermeira confirmou que minha febre está bem alta”.
Uma funcionária administrativa do local, que preferiu não se identificar, disse que o “atendimento em julho ainda é considerado tranquilo”. A diretora administrativa, Maria Tomé Ferreira dos Reis, informou que o ideal seriam três clínicos para conseguir atender a demanda com eficiência. “Temos que fazer a classificação de risco para conseguir atender a todos. Cada clínico atende em média 70 pacientes por dia”.
Estado gravíssimo
Na sala de observação do CAIS Cândida de Morais, que possui quatro leitos, todos estavam ocupados por pacientes, sendo três em estado gravíssimos, que aguardavam a liberação de internação em algum hospital conveniado. A aposentada Maria Rosa da Silva, 65, chegou na unidade na noite de terça-feira e até o início da noite de ontem aguardava vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No diagnóstico, insuficiência cardíaca, com indicação de marca passo. Segundo uma enfermeira, que também não quis se identificar, ela não poderia estar ali, já que poderia ter uma parada cardíaca e necessitar de reanimação. “Se isso acontecer, não temos nem espaço entre as macas para reanimá-la”, conta, indignada.
A paciente diz que se sente ainda mais fragilizada com a situação. “Estou nessa correria desde que descobri que tenho problemas no coração. A indicação do marca-passo só veio quando cheguei aqui, já com falta de ar e muito cansaço”, conta.
Do lado de Maria Rosa, um paciente com insuficiência renal, cirrose, diabetes, hipertensão e lesões necróticas. “Fazemos o que podemos, mas não faltam só médicos, falta enfermeiros, falta remédio para dores fortes, pomada para fazer os curativos. É difícil trabalhar assim”, revela a enfermeira.
Se algum paciente com necessidade de sutura chegasse ao CAIS do Cândida de Morais ontem, também precisaria ser encaminhado para outro local, independente da gravidade. A sala destinada para os médicos fazerem os pontos cirúrgicos estava sendo utilizada como isolamento para um paciente com suspeita de tuberculose.
Sem lotação
A última unidade visitada pela reportagem, o CAIS do Bairro Goiá, não estava com muitos pacientes na sala de espera. A diretora geral informou que dois pediatras e um clínico geral estavam presentes. “Vamos atendendo os casos mais graves. Os considerados mais simples, como pacientes com dores, são orientados a buscarem outro local. É preciso fazer esse manejo, assim o médico vai atendendo na medida do possível, priorizando os que apresentam risco eminente”.
Uma senhora de 67 anos, que preferiu não se identificar, aguardava o marido, de 65, que estava na sala de observação. Já era a segunda unidade do dia. Segundo ela, o marido que precisa de cirurgia para retirada de vários nódulos na virilha, coluna e ombros, estava com muitas dores e no primeiro centro não conseguiu atendimento. “Trouxe ele para cá e só agora a tarde eles aplicaram remédio para dor. Agora ele aguarda liberação para cirurgia e biópsia”.