Virtual candidato a vereador nas próximas eleições, o secretário de Meio Ambiente de Aparecida de Goiânia, Fábio Camargo, costuma dar entrevistas no estilo mamão-com-açúcar em emissoras de rádio para valorizar o seu trabalho e, de modo geral, conta com a condescendência de jornalistas e radialistas.
Acontece que, na manhã desta terça-feira, Fábio foi pego de surpresa. Ele estava na rádio 820 AM quando descobriu que no seu caminho estava o jornalista Adolfo Campos em manhã inspiradíssima. Adolfo deu um show como entrevistador, fez perguntas duríssimas, desmentiu o secretário e o fez reconhecer que estava exagerando.
Fábio, a princípio, parecia satisfeito com as levantadas de bola do radialista Emerson Vargas. Ele encheu a boca para dizer que Aparecida venceu a guerra contra a poluição sonora e depois afirmou que a população (e não a prefeitura) é a culpada pelo fato de ainda haver sujeira nas ruas da cidade.
Foi quando Adolfo reagiu: “eu deveria ficar quieto, no meu canto, fazendo minhas anotações sobre esporte, mas ouvi umas coisas do secretário e vim me manifestar”, disse o radialista. “Vem o senhor dizer que o povo é culpado pelo lixo, pelo entulho? O povo é que deu emprego para vocês. Vocês estão lá para isso”.
A esculhambação continuou: “Quer dizer, também, que em Aparecida não tem poluição sonora? A prefeitura conseguiu acabar com a barulheira produzida pelas centenas de bares, botecos, boates, cabarés e bailes funk que existem na cidade? Eu sou contra falácia e estou duvidando que Aparecida já esteja com essa evolução toda”.
Adolfo disse que quem ouve o secretário pensa que Aparecida virou “um daqueles castelos majestosos da Escócia”.
Sobrou até para o colega Emerson Vargas, apresentador: “Você deveria ler mais as perguntas que chegam pelo whatsapp para ouvir o povo. Assim eu não seria o único idiota a contestar o entrevistado”.
Visivelmente constrangido, Fábio pediu desculpa por dizer que o povo é culpado pelo lixo de Aparecida e recuou parcialmente na afirmação de que a cidade se livrou da poluição sonora. “Eu diria que 70% do problema está resolvido”.
Adolfo, mesmo assim, não engoliu a cantilena do secretário: “70%, Fábio Camargo? Quer dizer que, de cada dez estabelecimentos que faziam barulho a noite inteira, sete não fazem mais? Me desculpe, mas eu não acredito”.
Boa, Adolfo. Arrebentou (clique aqui para ouvir a entrevista completa).
Colegas que atuam em veículos de comunicação de Goiás deveriam ouvir esta verdadeira aula de jornalismo. “Infelizmente, tem muito radialista baba-ovo em Goiás”, disse o próprio Adolfo (e com toda razão).