O jornalista Pablo Kossa segue na sua campanha contra as alterações no Plano Diretor. Ele escreveu artigo no jornal online A Redação em que desce a lenha na prefeitura e nos vereadores que aprovaram as mudanças.
Veja o artigo abaixo:
Goiânia está no caminho errado
Qualquer um minimamente esclarecido sabe que essa alteração do Plano Diretor de Goiânia é escabrosa. Interesses que não colaboram com a coletividade foram determinantes na votação acachapante que o Paço Municipal conseguiu na Câmara dos Vereadores. Estudantes universitários tentaram uma mobilização pela mudança, o movimento social de cunho ambiental fez a grita. Nada adiantou. O trator do Executivo foi cruel e implacável: atropelou as vozes dissonantes da população, a resistência dos vereadores que votaram contra e a honra dos eleitos do parlamento municipal que tal qual cordeirinhos se ajoelharam frente à Prefeitura. Se não ao Executivo, a outros interesses ainda menos republicanos. Vai saber.
Money talks, bullshit walks, dizem os gringos. Adaptando mais ou menos ao nosso contexto, o dinheiro manda e obedece quem tem juízo. Ou mandato. É claramente perceptível que o maior beneficiado pela alteração não é a capital, e sim o capital. Goiânia realmente é uma cidade sustentável. Sustentando a indústria automobilística, os grandes empreendimentos imobiliários, as empreiteiras, as empresas de transporte coletivo inoperantes, as igrejas… Vergonha.
A situação é tão vexatória que nenhum dos 24 vereadores que votaram em prol da proposta de alteração teve a cara de subir no púlpito e fazer a defesa. Da mesma proporção que falta vergonha, falta escrúpulo. Abaixaram a cabeça na alta. E não é uma questão de divisão entre situação e oposição. Não se trata disso. Dos que votaram a favor, temos um mix das mais diversas tendências partidárias. Da mesma forma do outro lado, dos sete que bravamente votaram pela coletividade. A divisão não é situação e oposição, ela é entre quem defende o coletivo e quem defende a grana. Cada um joga no time que mais lhe apraz. Democracia é isso aí.
A campanha iniciada pela Rádio Interativa FM #vetaprefeito e #vetaPauloGarcia, depois da sugestão do ouvinte Adsson Luz, ganhou as redes sociais. Fui um entusiasta de primeira ordem. Mas nós da rádio sabemos que o movimento é ingênuo, pois o projeto que partiu do Paço volta da Câmara para ser sancionado pelo prefeito da mesma forma que saiu. Será que todas as polêmicas de imprensa e audiências públicas na UFG e OAB não foram capazes de sugerir nada relevante ao projeto? Realmente estamos diante de um texto obra-prima! Só que não. Já estava tudo amarrado desde o início. Esse trâmite foi meramente protocolar. Pura groselha para cumprir o rito, sem a menor intenção de colher algo propositivo. Mas se a mobilização não tem poder de resolução, ao menos tem poder de constrangimento. Nesse caso, vou até o fim. Continuo queimando tudo até a última chance.
Quando o Marista estiver travado, quando a água do João Leite e Meia Ponte estiver inviável para o consumo humano, quando a região Norte da cidade estiver entulhada de indústrias, quando tiver uma baita igreja gigante e barulhenta na porta da sua casa, lembre-se desse momento da história de nossa cidade, respire fundo e se conforme: “ao menos, moro em uma cidade sustentável”.