Veja carta publicada na edição deste sábado de O Popular em que a Faculdade de Medicina da UFG manifesta ser formalmente contrária à decisão do governo federal de importar médicos para atuarem no Brasil:
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra-se formalmente contrária à decisão do governo federal de importar médicos para atuarem nos municípios do interior do País, sem a devida revalidação do diploma. A decisão partiu do Conselho Diretor da Faculdade, que se manifestou também totalmente contrário à portaria interministerial que estabelece o aumento de mais dois anos no tempo de formação dos novos médicos, passando a duração do curso de Medicina de seis para oito anos.
A importação de médicos estrangeiros sem submetê-los às normas e exigências técnicas do Revalida como foi proposto pelo governo fere preceitos das instituições acadêmicas responsáveis pela formação de médicos brasileiros. A solução dos problemas de saúde do País não depende do número ou qualidade dos médicos, mas sim da falta de infraestrutura do sistema de saúde e da falta de uma carreira efetiva para o médico, com salários dignos. Desta maneira haverá um real estímulo ao trabalho em qualquer região do Brasil e o profissional de medicina deixará de ser objeto para uso político.
Com relação à portaria interministerial divulgada pelo governo federal que trata do aumento de dois anos, passando dos atuais seis para oito anos na formação acadêmica dos novos médicos, o Conselho Diretor da FM/UFG repudia a medida tomada, sem qualquer discussão com a comunidade acadêmica da área de educação, que é quem tem competência para estabelecer mudanças no âmbito do ensino.
Os nossos alunos já cumprem o Internato do 5º e 6º anos no SUS em unidades básicas de atendimento e nos hospitais públicos de referência em Goiânia e no interior do Estado, em especial no Internato instalado nas cidades de Morrinhos, Jataí, Firminópolis e São Luiz de Montes Belos.
Portanto entende o Conselho Diretor da Faculdade de Medicina da UFG, que os dois anos propostos na portaria interministerial representam uma repetição do que já ocorre, o que, na prática, não acrescentará nada ao aluno e nem trará qualquer benefício prático à população. Além disso, a medida irá apenas se caracterizar como a oficialização do serviço civil obrigatório, à semelhança do serviço militar já existente.
Vardeli Alves de Moraes
Diretor da Faculdade de Medicina da UFG