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Consumo – Tony Ramos, pecuária e a Friboi
Há cerca de um mês, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma matéria polêmica sobre como são tratados os animais em matadouros estaduais e municipais do Brasil. Após visitar 280 matadouros legalizados em 8 estados, a reportagem concluiu que 30% da carne vendida no Brasil vem de lugares sombrios e cheios de irregularidades (assista aqui).
Exatamente uma semana depois, a JBS-Friboi, empresa do goiano José Batista Sobrinho, lançou um filme publicitário estrelado por Tony Ramos (assista e comente). O horário para o lançamento da campanha não poderia ser mais apropriado: o intervalo do Fantástico em 17/03.
Apenas para inserir esta mensagem de 30 segundos no intervalo do programa mais assistido do país, estima-se que a JBS-Friboi tenha desembolsado mais de meio milhão de reais. Além desta primeira inserção, a campanha continua com entradas em horário nobre, todos os dias. Segundo a Revista Época, o investimento total da campanha, conduzida pela agência publicitária Fischer&Friends, será de R$ 50 milhões.
No filme, Tony Ramos garante que a carne da Friboi vem de lugares limpos, com trabalhadores equipados e com ótimas condições de trabalho.
A verdade é que a JBS-Friboi, assim como outros matadouros, ganha rios de dinheiro em cima de rios de sangue e explora animais considerados de consumo e também humanos. Apenas para citar 2 casos, em setembro de 2012 a empresa foi incluída na denúncia “Moendo Gente”, da ONG Repórter Brasil, que trata das condições desumanas em que trabalhadores são submetidos em frigoríficos (veja aqui). Em novembro do mesmo ano, a JBS-Friboi foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho a pagar R$ 3 milhões em indenizações por más condições de trabalho (veja aqui).
Ao aceitar falar em nome da JBS-Friboi, Tony Ramos sujou suas mãos com o sangue dos animais mortos pela empresa e ajudou a esconder uma realidade triste sobre as condições de trabalho das pessoas que estão na linha de produção.