Nesta segunda-feira, mais um jornal coloca a Saúde municipal, administrada pelo prefeito Paulo Garcia, em destaque negativo na principal manchete da capa.
Foto: Jornal O Hoje
Veja:
Postos marcados pela carência
Falta de estrutura ou de profissionais soma-se em uma combinação que torna unidades de saúde pontos de aflição para usuários do SUS
Hugo Oliveira
Com 14 Cais e Ciams e alguns hospitais com estrutura superior a cinco décadas, o atendimento público de saúde na capital tem se tornado ponto de conflito entre autoridades responsáveis pela pasta, que tentam de alguma forma suprir a carência de profissionais, e a classe médica, que relata estrutura precária e cobra melhores salários.
No centro de tal disputa, pacientes encontram-se como o ponto mais afetado, sendo submetidos a esperas longínquas, desconforto, incertezas de atendimento e muitas vezes tomando o caminho de volta para casa sem uma resposta. Conforme relcamações de pacientes e de funcionários do Sistema Único de Saúde, as unidades mais problemáticas são Cais Bairro Goiá (região oeste), Cais Urias Magalhães (região norte) e o Hospital Materno-Infantil
Na visão do Sindicato dos Trabalhadores do SUS no Estado e Goiás (SindSaúde), os problemas mais frequentes em tais unidades são a precariedade das instalações e falta de equipamentos e insumos básicos. Tais carências seriam responsáveis por dificultar a permanência dos profissionais no sistema de Saúde municipal. Pacientes consultados pela reportagem em tais unidades também evidenciam a falta de infraestrutura, mas ressaltam sobretudo a falta de médicos no entrave do atendimento. Em alguns casos, como no Cais Vera Cruz, pacientes alegam meses sem qualquer profissional presente no local, mesmo sendo uma unidade de atendimento 24 horas.
Apesar das reclamações recorrentes, o secretário municipal de Saúde, o também médico Fernando Machado, tenta salientar uma evolução em todo o sistema de saúde pública. De acordo com ele, 70% dos atendimentos realizados nas 19 Unidades de Atendimento Pré-hospitalares Fixas de Urgência, como Cais e Ciams e alguns hospitais, podem ser realizados com a estrutura que o SUS fornece na maioria das unidades. “Pacientes com febres, dores no corpo e gripes podem, grande parte das vezes, ter seus problemas resolvidos no consultório, com mesa, cadeira e maca, e essa estrutura a gente dá”, observa.
Sobre o problema da permanência de médicos no SUS, ele confessa que as condições não são ideais, mas que o sistema fornece o básico necessário para o atendimento médico. Para ele, a dificuldade para preencher as 188 vagas restantes no quadro goianiense se dá não por falta de condições ou por questões salariais, mas por preconceito da classe. “Alguns conhecem um problema e generalizam a situação para o todo. Hoje, o interior tem condições dezenas de vezes pior e isso reflete na quantidade de médicos acumulados na capital. A visão individualista dificulta a interiorização dos médicos que se sentem confortáveis na cidade grande”, critica.
De acordo com comunicado da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, há uma demanda de 188 médicos plantonistas, mesmo com a contratação de 860 profissionais, no primeiro semestre de 2013 para suprir a necessidade. Isso acontece em razão 398 desistências ocorridas nesse mesmo período. Apesar disso, a SMS informa que 168 dos contratados assumiram os cargos. No entanto, Fernando Machado afirma que 90 profissionais conseguiriam cobrir as grades de plantões que estão em aberto, caso assumissem mais de um plantão por semana.