O Conselho de Ética da Câmara Municipal de Goiânia está dando uma aula de corporativismo.
Supostamente criado para investigar e punir eventuais desvios de conduta, o colegiado funciona, na verdade, como bunker de vereadores sob investigação.
Todo processo que chega lá vai para o mesmo lugar: a gaveta trancada à chave da presidente do Conselho, Célia Valadão (PMDB).
Apesar de estar apenas no exercício do segundo mandato, Célia age como velhas raposas.
Comporta-se como políticos matreiros do século passado e obedece a mesma lógica deles: a de preservar a integridade dos colegas que estão no fio da navalha porque um dia é seu pescoço que pode estar à prêmio.
E tende a estar se mantiver a mesma conduta, porque a indolência do povo contra os maus políticos parece estar perto do fim.
Célia Valadão travou, deliberadamente, os processos contra os vereadores Paulo Borges (PMDB) e Wellington Peixoto (PSB).
Ambos são acusados de cobrar propina de empresários em troca da liberação de licenças ambientais na Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).
Depois daqueles dias conturbados da Operação Jeitinho, que levaram Paulo à detenção e Wellington ao Ministério Público via condução coercitiva, os dois seguem a vida tranquilamente.
Talvez estejam tão tranquilos porque sabem que o desfecho do escândalo será favorável a eles. Os dias de tumulto passaram.
No que depender de Célia, passaram mesmo.
A vereadora, que também é líder do prefeito Paulo Garcia (PT) na Câmara, é a melhor advogada que ambos podem ter.
Parte dela também a articulação para que a CEI da Amma não navegue por mares revoltos e siga o curso do rio em ritmo de tartaruga.
Tudo, é claro, com apoio do presidente da Câmara, Clécio Alves (PMDB), do presidente da CEI, Izídio Alves (PMDB), e do relator da CEI, Tayrone di Martino (PT).
Anotem esses nomes. Cedo ou tarde, pagarão pela desídia orquestrada em favor dos seus pares.
O tempo de impunidade está acabando. E essas não são apenas mais algumas palavras de ordem.