Veja comentário do jornalista Euler Belém, editor-chefe do Jornal Opção, sobre as demissões na TV Anhanguera:
Orlando Loureiro está desmontando a equipe da TV Anhanguera
O mercado jornalístico está assistindo, boquiaberto, o desmanche da equipe da TV Anhanguera. Orlando Loureiro, diretor de Jornalismo da emissora goiana, está desmontando a equipe — direta ou indiretamente. Profissionais qualificados perdem espaço para seus “aliados” — alguns deles com menos experiência e competência. Um repórter usa uma expressão até grosseira para definir a política do novo chefe-gestor: “Ele está fazendo a gata parir”. Isto significa, em linguagem menos chã, que Loureiro está escanteando alguns profissionais e indicando para seus lugares somente protegidos.
Loureiro não demite, não persegue de maneira sistemática. Mas muda os profissionais de horário com frequência ou coloca-os para cobrir fatos menos relevantes, como se estivesse sugerindo que não são competentes para cobrir fatos quentes. Fábio Castro, que era apontado como um apresentador de sucesso, não foi demitido, mas passou a trabalhar no horário matutino e perdeu a apresentação do “Jornal Anhanguera”. Argumentaram que não era “firme” e que errava com frequência — o que não procede. Handerson Pancieri, visto como líder do grupo que comandava a Anhanguera pré-Loureiro, deixou de ser editor-chefe e voltou a ser repórter. Agora, é conhecido como o “repórter dos terminais de ônibus” — uma forma de depreciar um profissional sério e competente. Outros profissionais, como Elaine Oliveira, são obrigados a mudar de horário com frequência. O objetivo? Não se sabe exatamente, mas alguns profissionais suspeitam que o diretor quer que peçam demissão. Na prática, eles estão na “geladeira”.
Loureiro acaba de promover Honório Jacometto a chefe de reportagem. Jacometto é um profissional de qualidade, mas sua indicação, depois de pouquíssimo tempo de tevê, sinaliza que o diretor não confia e não acredita no potencial dos demais jornalistas da emissora. Noutras palavras, ao fazer a “gata parir”, planeja esvaziar a Anhanguera dos profissionais antigos e contratar novos, afinados com seu projeto de jornalismo. Isto é normal? Não é, pois os profissionais da Anhanguera não são incompetentes. É natural que chefes novos façam mudanças, inclusive de integrantes da equipe, mas não se troca todo mundo de uma só vez.
Murilo Santos, um dos mais qualificados profissionais da Anhanguera, pediu demissão em caráter irrevogável. Loureiro assustou-se, pois, mesmo não conhecendo bem a equipe — depois de um ano de casa —, sabe que não é fácil substituir um repórter competente e firme como Murilo. Ao Jornal Opção, Murilo não falou “mal” de Loureiro e disse que, adiante, poderá voltar à emissora que o ajudou a se firmar profissionalmente. Mas um repórter do jornal apurou que Murilo, assim como outros profissionais, estava “desmotivado” — sentindo-se “desprestigiado”.
A repórter Luzeni Santos pediu demissão. Alegou que foi aprovada num concurso dos Correios. Por mais que esteja em busca de estabilidade, se o ambiente da Anhanguera estivesse “bom” e o salário fosse razoável, ela sairia?
Na semana passada, um editor da Anhanguera ligou, desesperado, para repórteres da TV Serra Dourada — que lidera a audiência no horário do “Jornal do Meio Dia” —, oferecendo salários acima da média do mercado. Outro problema: os novos contratados têm salários melhores do que os estão na Anhanguera há vários anos. Se é bom para o que chega, é, do ponto de vista da autoestima profissional, péssimo para quem já está trabalhando há mais tempo na empresa. Profissionais locais, desconfiados, estão se recusando a trabalhar na tevê da família Câmara.
Se brincar, se não agregar a equipe, Loureiro vai se tornar o Fernando Collor do jornalismo e terá de dizer, implorando: “Não me deixem só!”.