sábado , 28 dezembro 2024
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Célia Valadão entrega-se às vontades de Clécio e, juntos, eles enlameiam a Câmara

Célia Valadão e Clécio Alves, ambos do PMDB, são hoje os vereadores mais influentes da Câmara Municipal de Goiânia.

Os dois manobram, articulam, atacam e defendem juntos. Entrosamento de fazer inveja. No momento mais importante da carreira de ambos, a dupla colhe a quatro mãos os frutos de um ótimo relacionamento – construído há anos.

A cumplicidade entre Célia e Clécio é enorme. Até no nome eles se parecem.

São Bonnie e Clyde do Legislativo goianiense.

Abelardo e Eloísa em um drama de corrupção e de mentiras.

Quixote e Pança na batalha inglória contra a gritaria das ruas, que pedem decência aos nossos políticos.

Célia chegou à Câmara na Legislatura passada. Buscou abrigo à sombra do experiente Clécio porque temia ser engolida pelos tubarões. Ironia do destino, acabou engolida por um. E, depois, se tornou uma.

Célia hoje é a imagem em semelhança do colega. E isso não é, em definitivo, uma notícia boa.

Clécio não tem vergonha do seu ranço corporativista. Permanece alheio aos protestos populares contra a corrupção e enfrenta os contribuintes insatisfeitos de peito aberto.

(Na verdade, nem tão aberto assim. Importante lembrar que o presidente mandou fechar a Câmara dia desses ao ser informado que manifestantes dirigiam-se para sede do Legislativo).

Clécio é contra o corte de benesses dos vereadores. Contra adoção do ponto eletrônico. Contra a contagem repetida de quórum em plenário. A favor do reajuste salarial para ele e seus pares. A favor do 14°, 15°, 16°, 17°, 18°, 19° e 20° salários para os colegas. É a favor do afrouxamento do Plano Diretor. Advoga em defesa dos milionários da Hypermarcas e dos empreendedores responsáveis pelo Shopping das Águas.

Cala-se diante das maracutaias de Paulo Garcia.

Por não gostar de nada que ameace a vida boa dos seus aliados, Clécio também é contra Conselho de Ética.

Tá certo, ele é réu em um dos seis processos que adormecem na gaveta da presidente do colegiado. Mas acredite: esse não é o motivo principal.

Por mais uma dessas coincidências do destino, Célia foi escolhida para administrar o Conselho. E a ordem do tutor para sua pupila é clara: sentar em cima de todo processo disciplinar que for aberto. A não ser que haja interesse em punir, como houve contra Santana Gomes (PSD).

Célia, quando chegou à Câmara, queria ser a novidade. Acontece que os seus planos naufragaram mais rápido do que poderia prever o mais pessimista dos analistas.

O mundo deu voltas e ela aceitou ser líder do governo municipal na mesma época em que o companheiro assumiu a presidência da Casa.

Precisava mesmo, Célia? Vale a pena defender causas indefensáveis?

Compensa batalhar pelo afrouxamento do Plano Diretor, que tem potencial para destruir a cidade em um curto espaço de tempo?

Compensa articular pelo reajuste salarial discriminatório na Saúde, que beneficiou uns e deixou milhares de fora?

Será que consegue dormir bem depois de fechar os olhos, o dia todo, para os efeitos devastadores que a obra de expansão do grupo Hypermarcas está causando na Região Norte?

A amizade com Clécio vale tanto a pena assim?

Analise bem, vereadora. Apesar de já ter caído no poço, ainda pode afundar bem mais.

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