O jornal O Popular não é mais o mesmo. Muitas matérias parecem não receber uma boa checagem e acabam sendo publicadas com erros infantis e até de matemática.
O maior, prejudicado, claro, é o leitor – que lê o jornal e continua mal informado.
Na edição desta quarta-feira, uma carta do assessor setorial de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública, Rodrigo Hirose, aliás um jornalista que fez carreira na redação de O Popular, aponta cinco erros graves cometidos na matéria “Goiás tem 3,3 mil homicídios fora das estatísticas oficiais”.
A começar pelo principal: o texto foi todo escrito com base em dados referentes ao período 1996/2010 – portanto completamente defasados.
O erro do repórter Alfredo Mergulhão é de dar dó: ele afirma que as estatísticas referem-se aos últimos 15 anos, o que, como se vê no parágrafo anterior e na carta de Rodrigo Hirose, não é verdade.
A premissa equivocada, aliás, torna toda a matéria um caso de “barrigada” jornalística gritante e lamentável.
Leia a carta de Rodrigo Hirose a O Popular:
Homicídios ocultos
Em relação à reportagem Goiás tem 3,3 mil homicídios fora das estatísticas oficiais, baseada no Mapa dos Homicídios Ocultos no Brasil, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), cabe esclarecer alguns pontos.
1. Diferentemente do que a reportagem afirma, os dados do Ipea não se referem aos “últimos 15 anos”, mas ao período que vai de 1996 a 2010.
2. O próprio estudo demonstra que Goiás está entre as sete unidades da federação com melhor qualidade no preenchimento dos dados socioeconômicos e situacionais relacionados às mortes violentas. Portanto, figura entre os Estados com menor subnotificação de homicídios do País.
3. Desde 2011, a Secretaria da Segurança Pública de Goiás, por meio da Gerência de Análise da Informação, tem aperfeiçoado a metodologia de coleta estatística, tornando praticamente impossível o não registro de homicídios em Goiás. O Anuário Brasileiro da Segurança Pública, elaborado pelo Ministério da Justiça, atesta esta afirmação e inclui Goiás no grupo dos Estados com “alta qualidade” no fornecimento de dados estatísticos.
4. A própria secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, esclarece que os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que compila dados do SUS e no qual se baseou a análise do Ipea, não se aplicam às políticas de Segurança Pública, por terem metodologia totalmente diferente.
5. A Secretaria da Segurança Pública de Goiás tem se pautado pela excelência e transparência nos dados estatísticos e, mensalmente, publica seus dados e informações na internet (www.ssp.go.gov.br) logo nos primeiros dias úteis do mês subsequente.
Rodrigo Hirose
Comunicação Setorial da Secretaria da Segurança Pública de Goiás