As fezes dos brasileiros são ricas em bactérias benéficas para o organismo e o transplante é opção de tratamento contra infecção intestinal grave. A conclusão é de uma pesquisa inédita no país, conduzida pelo Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh. O estudo, desenvolvido neste ano, analisou amostras fecais de 49 brasileiros e de 17 norte-americanos.
As amostras de fezes de brasileiros sadios, em comparação com a dos norte-americanos também sadios, possuem cerca de 30% a mais de firmicutes, um filo de bactérias que faz parte da microbiota intestinal. Os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pelo Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, em parceria com a companhia de biotecnologia norte-americana Rebiotix Inc., evidenciou que as fezes brasileiras traduzem um potencial mais protetor contra infecções intestinais graves por Clostridioides difficle e doenças como a retocolite e a doença de Crohn.
A instituição recruta doadores de fezes. Podem doar as fezes homens e mulheres, entre 18 e 50 anos. Onze transplantes já foram realizados pelo hospital desde 2017 e a taxa de cura foi superior a 90%.
As fezes são preparadas e processadas por uma equipe composta por médicos e biomédicos do hospital. Esse material fica armazenado em um ultrafreezer (-80°C), para garantir a viabilidade a longo prazo. O tratamento funciona a partir da infusão de uma solução composta por esse substrato fecal por meio de uma colonoscopia convencional. A recuperação é rápida.