Veja artigo de Vassil Oliveira, publicado na Tribuna do Planalto:
Paulo e Iris: Ainda uma dupla de sucesso
Vassil Oliveira – Diretor de Jornalismo
Em 30 de outubro de 2012 escrevi o seguinte: “De todos os pré-candidatos a governador da oposição goiana, o que tem a oferecer de mais consistente ao PMDB é o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT).” Isso do ponto de vista político, no caso de se acreditar que os peemedebistas topam abrir mão da cabeça de chapa para o governo em 2014. Paulo tem um vice do PMDB – Agenor Mariano, que herdaria a prefeitura – e uma sincera consideração por parte de Iris Rezende.
Lembrei disso e de outra análise, de 11 de outubro de 2012: “Prefeito da Capital do Estado, ele (Paulo Garcia) automaticamente está credenciado a sonhar alto, se é que já não sonhava. Com o governo de Goiás.” Claro, desde que…: “O desafio imediato é fazer uma administração elogiável. Já está fazendo um bom trabalho, senão nem teria sido reeleito. Mas agora é a sua administração. É a sua marca. A sua cara.”
E por que a lembrança?
Nos últimos meses, semanas principalmente, tenho acompanhado nos bastidores aliados de Paulo Garcia e de Iris Rezende se esforçando em dois sentidos. Em um, no de enfatizar que a administração do petista na Capital não vai bem, e que isso pode atrapalhar a oposição no ano que vem. Em outro, o de apontar com o dedo em riste ‘defeitos’ dos dois líderes. No caso de Iris, ele é igualmente citado quase sempre como um estorvo para os planos oposicionistas.
Curiosa estratégia. Porque vejo como inevitável a eleição do ano que vem passar direta ou indiretamente pelos dois. Aliás, particularmente entendo que passa de forma direta, inequívoca. Nesse caso, desqualificá-los deveria ser tarefa para os adversários deles e de toda a oposição, e não o contrário. Porque enfraquecê-los é enfraquecer o exército que vai combater o outro lado; é abater com fogo amigo o que o inimigo teria de gastar munição pesada para tentar conseguir, e não conseguiria, arrisco dizer.
PMDB e PT tentaram se juntar em Goiás antes da dobradinha Iris e Paulo para a prefeitura de Goiânia, em 2004, e não conseguiram. Com os dois, o diálogo entre os partidos se tornou possível e conseguiu passar credibilidade como aliança forte e potencial, uma aliança com capacidade de vencer eleições. E é inimaginável a manutenção desse diálogo sem os dois como protagonistas – ou como interlocutores da aliança para 2014, ou como candidatos, até.
Há muitos peemedebistas e petistas querendo ver, sim, PT e PMDB juntos em 2014; mas muitos dentro dessas mesmas legenda, não querem muito isso não. O maior inimigo hoje da unidade oposicionista não está no bunker adversário; está no seio da própria oposição. Ilusão imaginar que a construção da unidade será fácil. Será como atravessar um jardim de espinhos. O que demanda bom senso acima do que se costuma ver em declarações e atitudes de líderes mais açodados, a preservação de valores como respeito e compreensão, e o fortalecimento das virtudes comuns, para a diminuição das fragilidades individuais.
Iris e Paulo Garcia continuam afinados entre si. Só precisam de mais afinação de seus aliados, que desafinam quando escolhem criticar e bater, em vez de fazer a sua parte – e um pouco mais – para que as coisas deem certo. Jogar contra o próprio patrimônio, para se usar uma figura batida, mas de fácil compreensão, é pensar no umbigo, em vez de priorizar algo maior, essencial para quem mira uma eleição difícil como a que se avizinha: a vitória.
Sem falar que o adversário já é forte por si só, como tem mostrado desde 1998; não precisa da ajuda providencial de quem deveria ter como prioridade derrotá-lo. Dar-lhe de bandeja as cabeças de Iris e Paulo é não apenas um erro estratégico, é de uma estultice sem tamanho. Sem mais.