Veja o editorial da rádio 730, neste sábado:
A opinião da Rádio 730
O Produto Interno Bruto é a junção de todas as riquezas que um lugar produz. No caso de Goiás, o PIB tem sido a tradução da alegria. O Instituto Mauro Borges, que colhe e divulga os dados da economia, acaba de divulgar os números relativos a 2011. As novidades ficam parecendo comercial do governo. Realmente, Goiás cresce 250% em média acima do desempenho nacional. Se o PIB brasileiro foi apelidado de Pibinho, o do Estado pode ser tido como Pibão, aproveitando o neologismo regional.
Segundo o levantamento, Goiás cresceu 6,7% no ano e o PIB passou de 111 bilhões de reais. Dois anos depois, a previsão é que feche 2013 produzindo 10 bilhões de reais mensalmente. A ascensão do Estado não é graças a Brasília, mas apesar de Brasília. O governo federal empacou com as obras estruturantes que melhorariam as informações. Paralisou a ferrovia Norte-Sul, que desde os anos 1980 rende manchetes para o presidente de plantão na República. A Norte-Sul não está nos planos da Valec, órgão do Ministério dos Transportes. Não entrou no leilão de privatizações. Enfim, a ligação entre Anápolis e o porto no Maranhão continuará a ser feita de carro.
A Norte-Sul é apenas um exemplo. Nem se fala mais na ferrovia que ligaria o litoral baiano a Nordeste de Goiás, atravessando pelo Norte até alcançar o Mato Grosso. Ninguém diz mais uma sílaba sobre as rodovias federais paradas. Uma vai de Cocalzinho, no Entorno do Distrito Federal, até o Mato Grosso do Sul. A outra sai de Uruaçu até o Pará. Ambas ficaram nos discursos. Também se resume a retórica a duplicação do trecho goiano da BR 153, de Anápolis à divisa com o Tocantins. O desprezo com Goiás é tamanho que até hoje, vinte anos depois, não se terminou a duplicação entre Aparecida de Goiânia e a fronteira com Minas Gerais. A duplicação entre Goiânia e Jataí deveria ter sido inaugurada em junho passado e até agora só provoca acidentes.
Outro entrave do governo federal com o desenvolvimento de Goiás ocorre no setor de energia elétrica. Primeiro, a União travou a Celg até o sucateamento completo, depois de obrigar o governo goiano a privatizar o complexo de usinas de Cachoeira Dourada. Depois, garroteou a Celg, impedindo até o reajuste nas tarifas. A Celg era uma empresa sólida, a maior do Estado campeão em crescimento. Foi só depender do governo federal para ir à bancarrota.
Não se pode acreditar que seja retaliação pelo fato de os presidentes Lula e Dilma colecionarem derrotas nas urnas em Goiás. No exercício do cargo, os governadores goianos jamais se opuseram ao número 1 da República. Ao contrário. O próprio Marconi Perillo, que é adversário político de Lula, o alertou para o caso do mensalão. Se Lula tivesse ouvido Marconi, o presidente da República seria José Dirceu, José Genoíno seria governador de São Paulo e Delúbio Soares teria excelentes cargos. Em vez de demonstrar gratidão, Lula se enfureceu com Marconi. Mas é preferível descrer na possibilidade de Goiás sofrer por questões partidárias.
As novidades são boas na economia e também na política. O discurso do senador Aécio Neves em Goiânia sinalizou para manutenção do que vem dando certo nas duas áreas, a economia e a política. Se for mantida a estabilidade, não importa se o presidente da República será a reeleita Dilma ou Aécio. Importa é tirar o ranço contra Goiás e retribuir o que o Estado tem feito pela balança comercial brasileira. De Goiás saem as commodities que garantem os superávits. E o escoamento da produção precisa de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e energia elétrica. Ou seja, basta o governo federal não atrapalhar nem retaliar que Goiás se mantém crescendo bem acima da média nacional. No idioma goianês, que bão é ter um Pibão!