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Olívio e o mensalão
Em meio a tantas opiniões fundamentadas ou meros palpites sobre o desfecho do mensalão, deve-se prestar atenção numa voz representativa de expressivo contingente da política brasileira. Em entrevista esta semana ao Jornal do Comércio, o ex-governador Olívio Dutra, referência do Partido dos Trabalhadores e de setores identificados com as esquerdas, disse claramente que considera justa a prisão dos correligionários envolvidos na Ação Penal 470. O ex-ministro das Cidades descartou qualquer viés político no episódio e recomendou que a decisão do Supremo seja cumprida, em respeito à determinação de um poder independente.
Mesmo que se considerem as conhecidas divergências que Olívio tem com o ex-ministro José Dirceu, sua posição merece reflexão, especialmente por parte dos militantes mais radicais e também de ingênuos que se deixam levar pelo discurso da perseguição.
Decisões judiciais podem, sim, ser questionadas, desde que as avaliações não descambem para questionamentos puramente ideológicos. Disse o senhor Olívio Dutra que o importante é o cumprimento do que determina a lei. Se o mensalão configurou ilegalidades, que essas sejam punidas.
O líder petista expressa igualmente seu reconhecimento ao efeito pedagógico das deliberações do STF, ao lembrar que condutas políticas delituosas precisam ser sempre confrontadas com as leis. Aos que enxergam injustiça com combatentes históricos da ditadura, afirmou que o histórico de luta de alguns dos condenados não justifica nenhuma atitude ilícita. Observe-se, a respeito dos comentários, que, tão enganoso como imaginar-se que o Supremo promoveu um linchamento político, é acreditar-se que o julgamento do mensalão encerra os esforços pela qualificação da política.
O episódio deve ser encarado como um caso exemplar, mas não como uma performance de exceção. O país ainda aguarda o desfecho de outros tantos casos de corrupção em julgamento. O que se espera é que, além do Judiciário, todas as instituições cumpram com suas atribuições pela moralização das atividades públicas.