Veja editorial da rádio 730:
CEI da Amma cumpre seu objetivo inicial: não apontar culpados pelo crime de corrupção
Última atualização em Quinta, 28/11/2013 14:59h
A cidade clama por respeito ao meio ambiente e o fato é que os vereadores concluíram uma investigação sobre irregularidades na emissão de licenças ambientais sem responsabilizar ninguém pelo suposto crime. A denúncia partiu do Ministério Público, que denunciou o vereador Paulo Borges e três outras pessoas ligadas a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) – Afonso Antunes de Oliveira Filho, Airton Rossi Caetano e Ivan Soares de Gouvêa Filho – por crimes de concussão (exigência de vantagem indevida por parte de servidor público) e corrupção ativa e passiva. Os acusados chegaram a ser presos durante a Operação Jeitinho.
A despeito da gravidade das acusações apresentadas pelo MP, os vereadores não descobriram nada sobre o esquema de corrupção que envolve um de seus pares, o vereador Paulo Borges, do PMDB. Para dar uma resposta à população, mostrar algum tipo de serviço, os vereadores criaram uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), que nunca funcionou. Uma investigação do tipo “pra inglês ver”. Nos últimos três meses não houve sequer uma única reunião. De abril até ontem, quando foi encerrada, os integrantes da CEI se encontram 18 vezes.
O resultado – que não deixa de ser frustrante – não poderia ser diferente; afinal colocaram os amigos do vereador acusado para investiga-lo. A comissão era composta por vereadores que não fazem oposição à administração municipal: Izídio Alves (PMDB), Richard Nixon (PRTB), Paulo Magalhães (PV) – que abandonou a CEI logo no início – Paulo da Farmácia (PSDC) e Deivison Costa (PTB). O relator era o petista Tayrone di Martino e a única oposicionista era Cristina Lopes (PSDB), voz vencida na comissão e que também deixou a comissão no mês passado.
O tamanho do relatório final da CEI mostra sua insignificância: reles 17 páginas. A comissão constatou, ao final, que há “dificuldades e falhas administrativas na Amma” e mais uma vez apontou como uma das justificativas a carência de recursos humanos. Como se a Prefeitura de Goiânia, em todas as pastas e secretarias, não estivesse inchada de gente sem o que fazer. O relatório, de autoria de Martino, foi aprovado por unanimidade e paira dúvidas se chegou a ser lido por todos os integrantes.
Ainda bem que a sociedade não depende dos parlamentos para investigar as corrupções que assolam o poder público em Goiânia, Goiás e no Brasil. Porque essas comissões de investigação servem apenas para inocentar politicamente os políticos pegos em crime. Sempre foi assim e assim será. Resta saber agora se a Justiça irá inocentar Paulo Borges.