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“Friboi não sabe o que é uma ditadura, muito menos o que significa provinciana”, diz editorial da rádio 730

Veja editorial da Rádio 730:

 

A oposição ainda não compreendeu que a democracia se faz de ideias e não de demonização

Última atualização em Terça, 03/12/2013 10:58h

O peemedebista Júnior Friboi recebeu ontem o apoio da maioria do partido para disputar a eleição para governo estadual em 2014. Nada mais natural em uma democracia que nomes sejam postos para apreciação do eleitor. O que não é comum é a demonização do adversário diante da própria falta de ideias. Na coletiva de imprensa após a reunião da executiva do PMDB, Friboi afirmou que Goiás vive uma “ditadura provinciana”. O comentário evidência que Friboi não sabe o que é uma ditadura, muito menos o que significa provinciana.
É temerosa a facilidade com que se lança mãos de termos como “ditadura” nas disputas eleitorais brasileiras. O país vive uma democracia consolidada, em que a alternância de poder é um dos preceitos básicos, assim como a manutenção pelas urnas do grupo atual. A escolha do eleitor não pode ser tratada como o raiar do autoritarismo, até mesmo porque é justamente o oposto. Boa ou ruim, prevalece a soberania do voto, que sempre pode alterar suas vontades passados quatro anos. A desconstrução de um mandato não é por si prejudicial, o problema é quando a demonização é a única língua da oposição.
Ao afirmar que o governo é uma ditadura provinciana, Friboi não apenas usa uma figura de linguagem para atacar seus adversários. O peemedebista também ofende os eleitores, que na prática são chamados de caipiras e incultos simplesmente porque discordam do empresário sobre quem deve administrar Goiás. A intolerância à divergência, essa sim, é a principal característica de uma ditadura. A incapacidade de compreender escolhas alheias é o provincianismo.
O esforço do PMDB para guindar Friboi à líder da oposição é notável, mas ninguém pode assumir o papel do empresário na hora de discursar ou costurar alianças. É somente Friboi que pode pavimentar seu caminho até a eleição e ele nunca poderá ser construído apenas pelo poder financeiro. Seus posicionamentos até agora não empolgaram. Não é unanimidade nem dentro da própria legenda e encontra resistência com os demais partidos de oposição. Agora, procura encrenca com o eleitor.
O PMDB tem uma história entrelaçada com a redemocratização do país. O ex-prefeito Iris Rezende fez parte dessa página da história brasileira. É pouco provável que os correligionários se pronunciem oficialmente sobre a declaração de Friboi, até mesmo porque eles pediram para que o tom fosse erguido, só esperavam mais habilidade. No entanto, é preciso uma conversa de pé de ouvido. Uma instrução de quem percorre a trilha da política por mais tempo. Talvez Iris possa instruir Friboi sobre o que é lidar com uma ditadura.
Principalmente: Friboi pode melhorar seu posicionamento apresentando propostas para o estado. Como bom gestor, sabe que apontar problemas é extremamente fácil, a verdadeira virtude é entregar soluções. Ainda resta tempo, não há dúvidas, mas é preciso iniciar imediatamente. A cada agressão gratuita, a cada frase infeliz, Friboi se distancia mais do seu sonho. A democracia está consolidada e não é Friboi que irá abalar os pilares da República, mas não é usando esses expedientes que a enaltece.
É importante que empresários de sucesso se apresentem como candidatos, mas não é admissível que candidatos não sejam políticos. A palavra perdeu muito do seu sentido durante décadas de corrupção e má gestão da coisa pública. Apesar disso, é no político que resguarda as esperanças de uma mudança lenta e gradual no país. Tudo isso porque não vivemos em uma ditadura. Tudo isso porque não somos provincianos.