quarta-feira , 20 novembro 2024
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Bruno Rocha Lima, em artigo no Popular: “Paulo Garcia hoje mal dá conta de concluir uma simples ciclovia em Goiânia”

Veja artigo do jornalista Bruno Rocha Lima, publicado nesta segunda-feira no Popular:
Uma cidade no meio do caminho
A concepção de gestão que o prefeito Paulo Garcia (PT) pretende imprimir até o fim de sua administração em Goiânia, pautada pelo amplo conceito da sustentabilidade e modernização dos serviços e estrutura oferecidos à população, esbarra em uma barreira muito difícil de ser contornada: a própria cidade. A chuva que assustou o goianiense na última quinta-feira, ainda que tenha sido um evento climático atípico pela sua proporção, deve ser encarada como um alerta para a administração municipal de que Goiânia ainda clama por investimentos naquilo que existe de mais básico para qualquer conglomerado urbano.
Como atestaram especialistas ouvidos pelo POPULAR em reportagem publicada ontem, ficou evidente a urgência da ampliação e reestruturação dos sistemas de drenagem nos bairros mais antigos da capital, tipo de ação que custa muito caro, gera grandes transtornos e não costuma trazer grandes dividendos eleitorais. Por isto mesmo, vem sendo postergada há décadas.
A atual gestão municipal defende o conceito de adensamento urbano, no qual, basicamente, a cidade cresce dentro de si mesma, com um maior aproveitamento dos espaços. Os defensores de tal tese citam que, entre os benefícios do adensamento, estão alguns dos itens que norteiam o conceito de sustentabilidade, como a redução da necessidade de deslocamento interno e até mesmo uma maior eficácia da drenagem urbana, pois a consequência do espraiamento da cidade são mais áreas impermeabilizadas e menos espaços verdes em seu cinturão.
No entanto, para que este adensamento que não provoque um colapso, é preciso garantir no núcleo urbano espaços verdes significativos, transporte coletivo de alta qualidade – já que o resultado da concentração de pessoas é a saturação do trânsito – e que serviços como a coleta de lixo tenham a máxima eficácia, para evitar que grande quantidade de dejetos se acumule junto às galerias pluviais. Além, claro, de um sistema de drenagem muito mais amplo.
No entanto, a Prefeitura hoje mal dá conta de concluir uma simples ciclovia, como a que está sendo feita no canteiro central da Avenida T-63, enfrenta dificuldades para resolver a questão do transporte coletivo, que passa atualmente por uma greve parcial, e tem falhado até na coleta do lixo durante alguns períodos.
O próprio prefeito, que não admite estas dificuldades, atesta, no entanto, que as finanças do município estão comprometidas e, diante da impossibilidade de reajustar o ITU e IPTU, recorre agora à venda de áreas públicas para fazer caixa. Este cenário de dificuldades financeiras e enormes carências estruturais nos deixa cada dia mais distantes das inovações tecnológicas e soluções urbanas mais arrojadas que a atual gestão gosta de propagandear como modelo para projetos futuros, e nos faz desejar benfeitorias que deveriam ser regra e não sonho de consumo. Então, que tal começar, por exemplo, com um simples asfalto de qualidade?

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