Análise política assinada pela jornalista Flávia Guerra, publicada no jornal O Hoje, nesta segunda-feira, afirma que a “terceira via patina e não sai do lugar”. O texto aponta indecisão e abalos internos que amarram a aglutinação entre Ronaldo Caiado, Vanderlan e Friboi. Veja a análise:
Terceira via patina e não sai do lugar
Indecisão e abalos internos amarram a aglutinação entre Ronaldo Caiado, Vanderlan e Friboi
Flávia Guerra
Tida como a opção contra o que muitos definem como continuísmo político em Goiás, a chamada Terceira Via ainda não se apresenta consolidada no Estado. Ao contrário, amarga a indecisão e os abalos internos que colocam em evidência a fragilidade de seus próprios ideais. Há pouco mais de um ano e meio das eleições, o grupo que representa a alternativa para a já histórica polarização da disputa pelo governo do Estado ainda não chegou a um acordo, não possui uma cara, um nome de consenso.
Na corrida para protagonizar a disputa, e diante de um cenário aparentemente favorável para construção de uma alternativa ao poder, Ronaldo Caiado, líder do Democratas, Vanderlan Cardoso, prestes a se filiar ao PSC, e o megaempresário Júnior Friboi (PSB), travam uma histórica guerra de egos – ainda que aparentemente santa – capaz de desconstruir aquilo que os observadores de plantão consideram a única arma contra a alternância PSDB/PMDB: a união das forças alternativas.
Se, para desbancar a hegemonia tucana, a tradicional oposição PT/PMDB já vem encontrando dificuldades justamente pela falta de consenso, o problema se repete ainda com mais intensidade no grupo dos “independentes”. Ao fazer questão de encabeçar a chapa majoritária, as siglas perdem tempo e as estratégias se enfraquecem. Embora as campanhas ainda estejam proibidas de acontecer, abertamente, o atraso na definição de um representante prejudica a construção de uma relação mais sólida e direcionada com o eleitor.
Recentemente abalada pelo deslize do deputado Simeyzon Silveira (PSC), que retirou assinatura de uma CPI proposta pela oposição na Assembleia Legislativa, a relação de Vanderlan Cardoso e Ronaldo Caiado continua estremecida. Ambos se uniram em 2012, quando caminharam juntos em prol do lançamento de Simeyzon à Prefeitura de Goiânia. Continuavam de mãos dadas até o episódio da CPI, quando Caiado desmoralizou o jovem deputado, considerado menina dos olhos do ex-prefeito de Senador Canedo.
Não bastasse a desavença, Caiado e Vanderlan insistem na candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas e, inclusive, já começaram a movimentação no Estado com olhos em 2014. Caiado descarta nova candidatura à Câmara e Vanderlan não admite o posto de vice. Por outro lado, Júnior Friboi também não se aquieta. Tem visitado bases de seu partido no interior e, como ainda não encontrou o aval definitivo para o seu projeto de governar o Estado, namora agora a possibilidade de se filiar ao PMDB. Deixaria a Terceira Via para encabeçar o grupo tradicionalmente oposto a Marconi Perillo (PSDB).
Mas como nem tudo é tão simples em política, Friboi tem esbarrado na resistência do partido de Iris Rezende, que não cogita abrir a guarda para um novo membro com alvo tão direcionado e definido. Mesmo sem um nome definido para o pleito do ano que vem, o PMDB rejeita a condição para a filiação do pecuarista. Apesar do capital financeiro, Friboi não teria capital político, considerado peça-chave para desbancar uma reeleição do atual governador.
Sem espaço para protagonizar a disputa pelo PMDB, restaria ao empresário de carnes permanecer no grupo de Caiado e Vanderlan, completando o trio da chapa majoritária alternativa. Isso se o democrata não recuar e optar por permanecer na chapa de Marconi, cujo vice-governador ainda pertence ao DEM. Aliados dizem que essa possibilidade é real, alguns até apostam nela. Diante disso tudo é difícil prever se a Terceira Via sobreviverá. A única certeza é que tudo ainda está indefinido.