O jornalista Marcos Cipriano transformou em poesia o drama cotidiano do goianiense com as chuvas de dezembro. No texto, Cipriano reclama do transporte coletivo, “que conduz pessoas como que se fossem gado”, e do concreto armado, “que sufoca a cidade com grandes arranha-céus”.
Veja o texto:
FEZ ÁGUA!
Marcos Cipriano
Antes que as patrulhas de plantão entrem em cena, um recado: aqui não vai nenhuma crítica pessoal, nenhuma adjetivação rasteira ou qualquer tentativa de denegrir a imagem de pessoas.
Mas é preciso dizer, em nome de Goiânia…
Fez água!
Um modelo de cidade que prioriza o carro, em detrimento às pessoas…
Fez água!
Esse conjunto de obras de qualidade técnica duvidosa, construídas por empresas que pensam apenas no lucro, e não nos interesses maiores da pólis.
Fez água!
Esses viadutos que enfeiam a cidade e não resolvem o problema do estrangulamento do trânsito.
Fez água!
Esse transporte coletivo que conduz pessoas como que se fossem gado.
Fez água!
Essas marginais, feitas por marginais políticos.
Fez água!
Esses parques de mentirinha, só para atender aos interesses da especulação imobiliária.
Fez água! Esse tal concreto armado, que sufoca a cidade com grandes arranha-céus.
Fez água! Esses milhares de lotes baldios, controlados por uma elite imobiliária sanguessuga, que não pensa nem um pouco na qualidade de vida das pessoas.
Fez água!
Esse visão de uma cidade politicamente correta, mas injusta, desigual, violenta e desumana.
Em seus 80 anos, Goiânia merece soluções duradouras, políticas públicas que elevem verdadeiramente a qualidade das pessoas que aqui vivem.
É duro ter de dizer isso,
mas até agora o futuro de Goiânia “fez água!”.
