Entre pitadas de história e filosofia, a jornalista Rosângela Chaves, de O Popular, publica artigo na edição desta quarta-feira estabelecendo um paralelo entre o terremoto que dizimou Lisboa, em 1755, e as enchentes que assolam Goiânia e denunciam a incompetência da Prefeitura de Goiânia.
O terremoto provocou uma discussão filosófica e religiosa na Europa: “Como acreditar na benevolência divina, diante de uma catástrofe que atingia justamente um dos países mais religiosos do continente? – era a questão que inquietava os intelectuais da época?”, escreve a jornalista.
Seguiu-se um debate acalorado. Rosângela Chaves cita as posições de Voltaire e Rousseau, que negaram a intervenção divina e atribuíram o terremoto, corretamente, mas de maneira avançada, então, a uma simples “manifestação da natureza”, sem nenhuma ligação com “punir ou recompensar os homens”.
É aí que entra a conclusão da jornalista, que é genial: se o terremoto causou tantas vítimas, é porque houve negligência e falta de responsabilidade humana, permitindo que uma das maiores cidades da Europa, na ocasião, estivesse à mercê de um cataclisma. É o mesmo caso de Goiânia, com as chuvas de agora, aponta, para encerrar:
“O mal não provém da natureza, ele tem sua origem na ação humana. Uma advertência que deve ser lembrada todas as vezes que nossas autoridades culparem as chuvas intensas pelas calamidades que, entra ano sai ano, testemunhamos nesta época”.