No seu artigo de segunda-feira, em O Popular, a repórter Fabiana Pulcineli analisa o racha da oposição e revela que “a verdade é que no PT goiano ninguém quer candidatura Friboi”.
Veja o texto na íntegra:
Marcando território
De um lado o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, lançado pré-candidato ao governo de Goiás pelo PT no sábado, diz que o diretório nacional do partido “não só avaliza como estimula” suas articulações para tentar viabilizar-se como candidato. O subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República, o petista goiano Olavo Noleto, também fez questão de ressaltar que as ações do PT estadual estão sendo acompanhadas e avalizadas pela direção nacional. “O PT de Goiás tem autonomia e liberdade para buscar a unidade da oposição”, disse.
De outro lado o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, pré-candidato ao governo pelo PMDB, diz não ter dúvidas de que haverá interferência dos diretórios nacionais de seu partido e do PT em favor da união em Goiás. Em torno de seu nome, acredita. Em entrevista ao Papo Político, na CBN Goiânia, Júnior afirmou categoricamente que a decisão não passará apenas pelos diretórios estaduais. “Garanto que a vice-presidência da República junto com a Presidência vão ter conversas muito profundas sobre essa questão. Acredito que não será somente decisão dos partidos em Goiás”, afirmou.
Com 3% do eleitorado do País e sem peso político no cenário nacional, Goiás passa longe de ser um dos Estados estratégicos para as discussões das cúpulas dos partidos em Brasília. Tirando o tão falado desejo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de aliados de ver o governador Marconi Perillo (PSDB) derrotado, não há sinais de grandes preocupações em Brasília com o cenário goiano.
O único aspecto que poderia pesar – e as declarações de Júnior sugerem que ele se ampara nisso – é o fator financiamento de campanha. Como se sabe, o grupo JBS/Friboi vem sendo um dos principais doadores nas últimas disputas eleitorais em todo o País. Em 2010, liderou o ranking dos maiores financiadores da campanha da presidente Dilma Rousseff – mais de R$ 8 milhões.
Júnior, que articulou sua filiação ao PMDB goiano com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e, nos bastidores, também com Lula, tem convicção de que ambos vão atuar em seu favor no momento de definição.
O pragmatismo que Júnior demonstra ao falar de dinheiro, tanto na garantia de apoio de lideranças políticas por aqui como ao comentar doações de campanha, também está por trás da decisão do PT (cá e lá, em Brasília) de começar a trabalhar o nome de Gomide.
O comportamento de Júnior desagrada petistas, não apenas por sugerir que o PT nacional vai interferir aqui em troca de dinheiro, como também por sucessivas declarações de desdém em relação ao partido – como quando afirmou que poderia buscar o DEM ou o PSB se os petistas insistissem em articular a pré-candidatura do prefeito de Anápolis.
Pesquisas internas do PT também apontam que, mesmo lançado pré-candidato oficial há dois meses, Júnior ainda não teria mostrado potencial para vencer as eleições. O histórico de proximidade com o governo tucano seria outro ponto negativo.
A verdade é que no PT goiano ninguém quer a candidatura de Júnior. A divisão se dá por um grupo defender que o partido tente viabilizar um nome (de Gomide), enquanto outro grupo (do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia) considera que o ex-governador Iris Rezende (PMDB) acabará sendo o candidato, mas no momento certo, sem abrir mão da estrutura financeira de Júnior.
O primeiro grupo considera que Júnior avançou muito no PMDB, conquistando inclusive muitos dos iristas, e caminha para vencer o ex-governador na disputa interna. Daí a intenção de atuar em outra frente para tentar construir uma candidatura com potencial de crescimento.
Já o segundo grupo continua apostando que Iris chegará às convenções com ampla vantagem nas pesquisas, polarizando com Marconi, o que dificultaria a candidatura de Júnior ao governo, mas não o afastaria da chapa majoritária.
Pelo menos por enquanto, o PT tenta marcar posição e afastar a tese de que aceitaria negociar recursos para a campanha em troca de apoio em Goiás. Lá na frente, quando Gomide terá de mostrar crescimento nas pesquisas e apoio político e o desempenho de Júnior também será avaliado, é que será possível avaliar o peso desse aspecto na construção do cenário para a sucessão em Goiás.