Reportagem publicada no site da Fundação Getúlio Vargas
A Sondagem de Serviços e do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE) mensurou a vontade das empresas em contratar novos funcionários em função da Copa do Mundo.
No setor de Serviços, 78,5% das empresas pesquisadas afirmaram que não pretendem alterar o quadro de funcionários em função da Copa, 10,6% pretendem contratar de forma temporária e apenas 1,9% de forma permanente. As 9% restantes não souberam responder.
Já no comércio, os números são mais altos: a pesquisa mostrou que 86,5% das empresas não pretendem fazer contratações, 7,8% fariam contratações temporárias, 3,0% permanentes e 2,7% não souberam responder.
“Além de temporário, o efeito da Copa do Mundo no mercado de trabalho tende a ser limitado em termos setoriais”, afirma o economista do IBRE Aloísio Campelo. Segundo ele, a Copa demandará mão de obra para atender ao aumento temporário por bens e serviços específicos, mas o efeito será bastante localizado.
“A pesquisa traça um painel interessante por estarmos próximos ao evento. As informações foram prestadas diretamente pelas empresas, que a esta altura já possuem alguma noção do volume de vendas esperado”, esclarece.
O economista ainda ressalta que o resultado não deverá ser muito diferente do verificado em outros países. Para ele, é possível que ocorra um aumento grande do movimento nas regiões turísticas das cidades sede e uma diminuição nas regiões puramente voltadas aos negócios, tanto nas cidades sede quanto em outras regiões, com os feriados.
“Com o aumento esperado das vendas, aqueles restaurantes que já operam normalmente a plena capacidade não necessitarão de mais gente e o mesmo pode ser considerado no caso das redes hoteleiras”, diz. Na pesquisa, o setor mais otimista para contratações foi o de transportes aéreos; contudo, de acordo com Campelo, é possível que os novos empregados não sejam associados às atividades fim da empresa e sim ao trabalho de organização, logística e atendimento a turistas.
Surpresa
Aloísio Campelo explica que a proporção de empresas que não contratarão novos funcionários parece grande – o que já era previsível. No entanto, o setor de supermercados surpreendeu.
“Particularmente tinha alguma dúvida em relação ao que esperar para o setor de hiper e supermercados. Nesse sentido, me causou certa surpresa que eles surjam com um ímpeto de contratações temporárias comparável ao de outros segmentos que pareceriam mais ligados diretamente ao evento”, conclui.